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França pediu aos Estados Unidos garantias de que espionagem cessou

O governo francês pediu hoje ao embaixador dos Estados Unidos garantias de que a interceção de comunicações francesas deixou de ser feita, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, depois de novas revelações sobre espionagem norte-americana.

(AP/Arquivo)
CHARLES PLATIAU

O embaixador norte-americano, Charles Rivkin, foi hoje chamado ao Quay  D'Orsay com caráter de urgência depois de o jornal Le Monde noticiar, na  sua página internet, que a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados  Unidos fez 70,3 milhões de registos de dados telefónicos de franceses num  período de 30 dias, entre finais de 2012 e princípios de 2013.  

Rivkin foi recebido no Ministério pelo chefe de gabinete do ministro  Laurent Fabius, Alexandre Ziegler.  

"Recordámos-lhe que este tipo de práticas entre aliados é totalmente  inaceitável e que precisamos de nos assegurar de que elas já não ocorrem",  disse aos jornalistas o subdiretor para a imprensa Alexandre Giorgini. 

O governo francês "pediu que seja dada no mais curto prazo possível  uma resposta concreta", acrescentou.  

A questão vai ser abordada na terça-feira pelo chefe da diplomacia francesa,  Laurent Fabius, e o seu homólogo norte-americano, John Kerry, num encontro  em Paris antes de uma reunião em Londres do grupo de países Amigos da Síria.

"O encontro entre Laurent Fabius e o seu homólogo norte-americano de  amanhã (terça-feira) de manhã será essencialmente sobre a situação na Síria  e as questões regionais, mas este assunto também vai ser abordado", disse  Giorgini. 

O embaixador norte-americano em Paris já tinha sido chamado ao Ministério  dos Negócios Estrangeiros francês a um de julho, depois das primeiras informações  sobre a espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos  na Europa. 

Nessa altura, França propôs aos parceiros na União Europeia que a proteção  de dados fosse integrada nas negociações para um acordo de comércio livre  entre a UE e os Estados Unidos. 

Essa proposta levou à criação de um grupo de trabalho UE-EUA, em julho,  que, até agora, se reuniu duas vezes. 

Segundo o porta-voz francês, o conselho europeu de quinta e sexta-feira,  consagrado em parte à economia digital, "permitirá voltar a esta questão  ao mais alto nível". 

Segundo o Le Monde, que cita documentos da NSA divulgados pelo ex-consultor  Edward Snowden, os principais objetivos da espionagem norte-americana em  França eram suspeitos de ligações ao terrorismo, mas também personalidades  ligadas ao mundo empresarial, políticos e funcionários. 

Lusa