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Escândalo de corrupção leva PM da Turquia a mudar mais de metade do Governo

O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip  Erdogan, anunciou hoje uma vasta remodelação governamental, afastando mais  de metade dos seus principais ministros e nomeando 10 novos governantes,  quando um escândalo de corrupção que está a abalar o governo turco.  

O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan terá sido alvo de escutas / Reuters
© Umit Bektas / Reuters

Após três ministros se terem demitido e de o primeiro-ministro se ter  reunido com o Presidente da Turquia, Erdogan anunciou a substituição dos  ministros do Interior, da Economia, do Ambiente, dos Assuntos Europeus,  da Justiça, dos Transportes, da Família, do Desporto e da Indústria, e ainda  o vice-primeiro-ministro. 

Depois de os seus filhos terem sido presos ou detidos temporariamente  acusados de vários crimes -- como corrupção, branqueamento de capitais e  tráfico de ouro - três ministros apresentaram a sua demissão hoje, mas não  sem fazer mossa no primeiro-ministro. 

O ministro do Ambiente, Erdogan Bayraktar, chegou mesmo a aconselhar  Recep Erdogan a demitir-se. Este governante diz que o primeiro-ministro  lhe pediu para que se demitisse e que fizesse uma declaração de forma a  retirar pressão sobre o governo, mas Bayraktar não gostou, recusou fazer  a declaração e disse que Erdogan se devia demitir "para deixar a população  mais confortável". 

"Mandaram-nos dois documentos hoje -- um para a nossa demissão e outro  para a declaração pública. Claro que quero tornar as coisas mais fáceis  para o meu partido. Mas, acho que isto é errado", disse Bayraktar, cujo  filho foi detido temporariamente. 

Os ministros da Economia e do Interior, cujos filhos foram presos na  sequência da investigação, também pediram hoje a demissão. 

Os filhos dos três governantes foram detidos numa ação policial que  entre a lista de detidos incluiu o presidente de um banco público, vários  burocratas e empresários conhecidos. 

A investigação da procuradoria-geral de Istambul durou dois anos e conclui  com acusações de corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de ouro e  de pagarem subornos. 

Nas ruas, a polícia teve de usar gás lacrimogéneo para dispersar uma  manifestação com cerca de 5.000 pessoas nas ruas de Istambul que exigiam  a demissão do primeiro-ministro. 

 

Lusa