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Ex-banqueiro brasileiro preso em Itália usava identidade de irmão morto há 35 anos 

O ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato,  preso hoje em Itália, fugiu do Brasil em setembro passado, passando por  Argentina e Espanha, utilizando a identidade falsa de um irmão falecido  há 35 anos, informou hoje a Polícia Federal brasileira. 

© Reuters Photographer / Reuters

A prisão, realizada hoje de manhã na cidade de Maranello, no norte da  Itália, foi feita pela polícia italiana, após investigação da Polícia Federal  brasileira em cooperação com autoridades da Argentina, Espanha e Itália.

A localização de Pizzolato partiu da informação da Polícia italiana  de que uma pessoa chamada Celso Pizzolato havia requerido, em setembro,  a alteração do estatuto de cidadão italiano no exterior para cidadão italiano  residente. 

A partir de então, a polícia brasileira procurou mais informações sobre  a identidade de Celso Pizzolato e descobriu que este era irmão de Henrique  Pizzolato morto em 1978, num acidente de carro, aos 24 anos. 

Na sequência desta informação, foram solicitados os registos dos documentos  de Celso Pizzolato e as impressões digitais no seu documento de identidade  original e que foram comparados com as que tinham sido recolhidas no aeroporto  de Ezeiza, em Buenos Aires, onde Henrique Pizzolato embarcou, com documentos  falsos, rumo a Barcelona. 

O ex-banqueiro brasileiro foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão  por formação de quadrilha (equivalente a associação crimonosa), branqueamento  de capitais e peculato no processo do "mensalão", que envolveu ainda outros  onze condenados, todos presos desde novembro passado. 

O ex-diretor do Banco do Brasil também possui cidadania italiana, porém,  no decorrer do processo, os seus dois passaportes - tanto o brasileiro quanto  o italiano - foram recolhidos por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

Henrique Pizzolato foi localizado a partir da identificação de um automóvel,  também em nome de Celso Pizzolato, com matrícula de Málaga (Espanha), tendo  sido abordado pela polícia quando chegava ao apartamento do sobrinho, ao  lado de sua esposa. 

Na ocasião, Pizzolato identificou-se como Celso e mostrou os documentos  falsos, mas, no final do interrogatório, acabou por admitir a sua identidade.  Os documentos verdadeiros foram encontrados dentro do apartamento onde vivia.

A expectativa agora é e que o Governo brasileiro faça um pedido de extradição  de Henrique Pizzolato às autoridades de Itália. 

O processo do "mensalão" foi um esquema de corrupção política ocorrido  durante o primeiro mandato do Governo de Lula da Silva, com a compra de  voto de parlamentares da oposição. 

Em novembro do ano passado, foram expedidos 12 mandados de prisão contra  os condenados e onze deles entregaram-se à polícia. 

A fuga de Henrique Pizzolato ficou evidenciada a partir de uma carta,  escrita pelo próprio, na qual dizia que procuraria um julgamento "justo"  em Itália, o que teria direito por possuir a nacionalidade italiana. 

Lusa