O mediador da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, reconheceu que esta nova ronda de negociações é "trabalhosa" como a primeira ronda, realizada em janeiro último e que reuniu, pela primeira vez em três anos de conflito, as várias fações do conflito civil sírio. "O início desta semana foi igualmente trabalhoso. Não estamos a fazer grandes progressos", disse o diplomata, em declarações aos jornalistas.
Brahimi assegurou ter "toneladas de paciência", mas sublinhou que "o povo sírio não tem essa paciência e precisamos de acelerar". A partir de Damasco, o ministro sírio da Reconciliação Nacional, Ali Haidar, afirmou que as negociações a decorrer em Genebra (Suíça) estão "condenadas ao fracasso perante o atual estado das coisas".
O ministro disse à agência francesa AFP que o governo sírio decidiu participar na conferência em Genebra nomeadamente "para romper com um bloqueio político e mediático que dura desde há três anos". Para Ali Haidar, a oposição está a participar no encontro com o objetivo de "ganhar legitimidade".
As duas delegações sentaram-se hoje à mesa das negociações com o mediador internacional, mas nenhuma das fações cedeu nas suas prioridades: a luta contra o terrorismo para o governo de Damasco, enquanto a oposição quer avançar para uma autoridade governamental de transição, medida que é igualmente exigida pelas grandes potências internacionais. "Hoje, foi novamente um dia perdido porque os representantes da coligação (da oposição síria) insistem sobre o facto que não existe terrorismo na Síria e não querem discutir", afirmou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros sírio Faysal Mokdad.
"Claramente, não existiu hoje qualquer progresso, mesmo sobre a agenda, o regime opôs-se a (Lakhdar) Brahimi, não deixaram que ele propusesse uma agenda aceitável para as duas partes", disse, por seu lado, o porta-voz da delegação da oposição síria Louay Safi. "Não posso impor uma agenda a pessoas que não querem. Não posso apontar uma pistola às suas cabeças", declarou Brahimi, admitindo assim a sua atual falta de poder de influência.
As negociações em Genebra vão prosseguir até sexta-feira e o mediador internacional irá, na próxima semana, a Nova Iorque para ser ouvido pelo secretário-geral da ONU e pelo Conselho de Segurança.
O conflito na Síria prolonga-se desde março de 2011 e, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), já fez 136 mil mortos.
Lusa