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Iulia Timoshenko diz que Presidente da Ucrânia é marioneta de Putin

O líder da Ucrânia tornou-se numa marioneta do presidente russo, Vladimir Putin, e é incapaz de tomar decisões independentes sobre o futuro do país, defende, numa entrevista publicada hoje, a antiga primeira-ministra Iulia Timoshenko.

Apoiante de Timoshenko exibe um cartaz com a foto da ex-líder governamental em frente ao Tribunal de Recurso de Kiev que recusou o recurso da antiga primeira-ministra ucraniana
Sergei Chuzavkov

A ícone da oposição ucraniana, que se encontra presa desde 2011, defendeu  ainda que o presidente Viktor Ianukovich tem que abandonar o poder.  

A Ucrânia é há mais de dois meses palco de protestos antigovernamentais  depois de o presidente Viktor Ianukovich ter rejeitado um acordo comercial  com a União Europeia a favor do reforço das relações com a Rússia. 

"Os nossos amigos europeus acreditam que após longas negociações e empréstimos  conseguirão trazer Viktor Ianukovich de volta ao caminho europeu", disse  a antiga primeira-ministra numa entrevista divulgada hoje pelo semanário  Dzerkalo Tyzhnia. 

"Mas não conseguirão fazê-lo porque não é Ianukovich quem decide, mas  Putin", acrescentou. 

"Temos que nos livrar de um presidente da Ucrânia que já não toma decisões  independentes e legais", prosseguiu, sublinhando que a Ucrânia já é vista  internacionalmente como "o parceiro minoritário da Rússia". 

Pouco depois de Ianukovich ter recusado o acordo com a União Europeia,  a Rússia anunciou que iria conceder um apoio financeiro de 15 mil milhões  de dólares à Ucrânia, tendo já adiantado uma parcela de 3 mil milhões. 

"Se Vladimir Putin gastou 50 mil milhões de dólares nos jogos olímpicos  de Sochi, gastará o que for preciso para a Ucrânia", sublinhou Timoshenko.

Quando no final de janeiro as manifestações antigovernamentais se tornaram  violentas, causando quatro mortos e mais de 500 feridos, Ianukovich iniciou  um processo negocial com a oposição. 

Demitiu o governo e anunciou que todos os manifestantes detidos desde  o início da contestação seriam amnistiados desde que abandonassem os edifícios  públicos que ocupam. 

Na sexta-feira, as autoridades anunciaram que todos os prisioneiros  tinham sido libertados e que as acusações contra eles seriam abandonadas  dentro de um mês, a partir de 18 de fevereiro, se as condições da amnistia  fossem cumpridas. 

A oposição concordou em abandonar partes da rua Grushevsky - cenário  dos violentos confrontos do mês passado - para permitir a circulação, mas  os manifestantes ainda não deram sinal de pretenderem esvaziar os edifícios  ocupados e de retirar as barricadas.  

Para Timoshenko, "o único ponto de negociação com Ianukovich serão  as condições da sua saída"