Mundo

UNICEF pede 2,2 milhões de dólares para 2014, o maior apelo de sempre

A UNICEF lançou hoje um apelo de emergência de 2,2 mil milhões de dólares, o maior de sempre da agência, para ajudar 85 milhões de pessoas, entre as quais 59 milhões de crianças, em 50 países.

© Goran Tomasevic / Reuters

O montante inédito (que ronda 1,6 mil milhões de euros) previsto no  Apelo Humanitário para as Crianças em 2014 deve-se "ao número de situações  de emergência em larga escala e de grande complexidade que continuam a causar  deslocações massivas de populações e a pôr em risco a vida e o bem-estar  de milhões de crianças", escreve a UNICEF num comunicado enviado hoje à  imprensa. 

A maior percentagem deste montante (28%) destina-se a fornecer água,  higiene e saneamento a 23 milhões de crianças e outros 20% a alimentar 2,7  milhões de crianças que sofrem de malnutrição aguda severa. 

Cerca de 40% do total pedido pela Unicef, 835 milhões de dólares, são  destinados à Síria e àquela sub-região, onde a UNICEF quer prestar assistência  vital, nomeadamente em "imunização, água e saneamento, educação e proteção",  mas também para promover competências em matéria de coesão social e de reforço  da paz. 

Citado no comunicado, o diretor de Programas de Emergência do Fundo  das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Ted Chaiban, conta que acaba  de regressar do Sudão do Sul, "onde o mais recente conflito de grandes proporções  está a pôr em causa a vida de milhões de crianças inocentes". 

"Mais de 400.000 crianças e as suas famílias foram deslocadas devido  ao conflito e mais de 3,2 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária",  exemplifica Ted Chaiban, sublinhando que as crianças do Sudão do Sul se  juntam a "milhões de outras crianças afetadas pelos conflitos na República  Centro-Africana e na Síria". 

Apesar de estes serem os casos que atualmente centram mais atenções  mediáticas, "há muitas outras situações críticas para as quais também é  necessário financiamento imediato e ajuda humanitária urgente", acrescenta  o mesmo responsável, citando os casos do Afeganistão, da Colômbia, da República  Democrática do Congo, da Birmânia, da Somália, ou do Iémen. 

Entre os 50 países para os quais a UNICEF pede um montante específico  está Angola, para o qual são pedidos seis milhões de dólares, metade dos  quais se destinam ao setor da água, higiene e saneamento, "devido à crítica  falta de água". 

Este apelo para Angola visa alcançar 517.800 pessoas, entre as quais  421 mil crianças, em 2014. 

"As crianças são sempre o grupo mais vulnerável em emergências, correndo  riscos elevados de violência, exploração, doença e negligência," afirmou  Ted Chaiban. 

No relatório que acompanha o apelo humanitário deste ano, a UNICEF faz  o balanço do trabalho realizado em 2013, referindo que, nesse ano, 24,5  milhões de crianças foram vacinadas contra o sarampo, perto de 20 milhões  de pessoas passaram a ter acesso a água potável, 2,7 milhões de crianças  obtiveram acesso a uma educação de melhor qualidade, 1,9 milhões de crianças  receberam tratamento para a malnutrição aguda severa e 935.000 beneficiaram  de apoio psicológico. 

No entanto, sublinha a organização, devido ao défice de financiamento  em países como a Eritreia, o Lesoto ou Madagáscar, bem como às restrições  ao acesso humanitário, à insegurança e a um ambiente em que as intervenções  são difíceis, muitas das necessidades ficaram por satisfazer.