O Presidente norte-americano Barack Obama prometeu, aquando da sua primeira eleição, que fecharia a polémica prisão militar, mas a promessa continua por cumprir devido à dificuldade em convencer outros países a aceitar dar acolhimento a reclusos transferidos de Guantanamo.
O Uruguai transforma-se assim no primeiro país sul-americano a aceitar estes presos. Questionado se o acolhimento de reclusos implicava contrapartidas de Washington, Mujica declarou: "Não faço favores de graça".
Sem adiantar quantos presos iria o Uruguai aceitar acolher, ou quais as suas nacionalidades, Mujica disse que se trata de "uma questão de direitos humanos" e que estes reclusos vão receber o estatuto de refugiados.
Os prisioneiros "ainda não foram presentes a um juiz ou promotor do Ministério Público e o Presidente dos Estados Unidos quer resolver este problema", declarou o chefe de Estado uruguaio, antigo rebelde de esquerda que esteve preso mais de uma década. "Se quiserem construir um lar aqui e trabalhar no país, devem ficar cá", acrescentou Mujica, referindo que os detidos poderão eventualmente levar as suas famílias para o Uruguai.
Uma fonte governamental adiantou à agência noticiosa AFP que o Uruguai vai receber cinco antigos reclusos por um período de pelo menos dois anos, confirmando dados avançados pelo jornal semanal uruguaio Busqueda, que adiantou ainda na sua última edição que Obama leventou a questão junto de Mujica nas últimas semanas através de "emissários". Ainda segundo o semanário, o presidente do Uruguai terá discutido o tema com o presidente cubano Raul Castro, que apoiou a ideia, numa visita em janeiro.
O jornal referiu também que o secretário de Estado norte-americano John Kerry terá agradecido a disponibilidade uruguaia na segunda-feira, e confirmado um encontro entre Mujica e Obama na Casa Branca antes do final de junho, depois de uma visita oficial aos Estados Unidos ter sido adiada devido a questões de agenda.
As transferências da prisão de Guantanamo têm vindo a aumentar, tendo a última acontecido este mês quando um argelino foi repatriado depois de passar 12 anos na prisão sem qualquer julgamento.
Cento e cinquenta e quatro reclusos permanecem na prisão militar mandada construir na base naval norte-americana em Cuba, na baía de Guantanamo, pelo antigo Presidente George W. Bush depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, e na qual foram enclausurados os suspeitos detidos em operações de combate ao terrorismo.
A maioria dos detidos é oriunda do Iémen, Afeganistão, Arábia Saudita e Paquistão. A maioria nunca foi acusada ou julgada. O Presidente Barack Obama chegou a afirmar que a prisão prejudicou a imagem dos EUA no mundo, mas os seus planos para a encerrar têm sido bloqueados em parte pelo Congresso norte-americano, que proibiu o acolhimento dos presos em território americano.
Lusa