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Juíza ordena avaliação psiquiátrica de Oscar Pistorius

A juíza sul-africana que está a julgar  Oscar Pistorius pela morte da namorada ordenou hoje a realização de exames  psiquiátricos para estabelecer se o campeão paralímpico sofria mesmo de  uma perturbação de ansiedade, como afirma a defesa.  

© POOL New / Reuters

O relatório psiquiátrico citado pela defesa "não pode substituir uma  avaliação apropriada", explicou a juíza Thokozile Masipa, acedendo ao pedido  da acusação de realizar uma contra-avaliação psiquiátrica independente.

A magistrada sublinhou que o exame não tem por objetivo punir Pistorius,  dando a entender que está neste momento aberta à possibilidade de o atleta  não ter de ficar internado quando for colocado sob observação psiquiátrica,  o que pode durar até 30 dias, segundo a lei. 

Trata-se de "assegurar ao acusado um processo justo" e de "revelar se,  no momento do crime, [Pistorius] sofria de uma perturbação mental que pudesse  classificá-lo como não responsável pelo seu ato", afirmou a juíza, antes  de adiar a audiência para terça-feira para detalhar os termos da sua ordem.

A acreditar na psiquiatra Meryll Vorster, citada pela defesa de Pistorius,  o atleta sofre de uma perturbação ansiosa generalizada que se caracteriza  por um estado de inquietação permanente e excessivo. 

Vorster considera que Pistorius sofre desse trastorno devido à amputação  das duas pernas quando tinha 11 meses devido a um problema genético, assim  como pela separação dos seus pais e a morte da mãe na sua adolescência.

Embora não se trate de uma doença mental propriamente dita, o problema  teria consequências diretas nas suas relações pessoais e na sua vida sexual,  teria exacerbado o seu medo da criminalidade, muito elevada na África do  Sul. 

Pistorius, que em 2012 se tornou o primeiro atleta com duas pernas amputadas  a competir numas olimpíadas com desportistas sem incapacidades, conhecia  Reeva Steenkamp há três meses quando a matou a 14 de fevereiro de 2013,  disparando contra a porta fechada da casa de banho onde ela se encontrava.

Desde o início, o atleta afirma que acreditava tratar-se de um assaltante  que teria entrado em sua casa e se escondera. 

O procurador Gerrie Nel contestou a conclusão da especialista e acusou  a defesa de usar o argumento psiquiátrico para obter uma pena mais leve  ou para requalificar o crime. 

Segundo a acusação, o casal teve uma discussão, que terá sido ouvida  por vários vizinhos chamados a depor, e o atleta abriu fogo sabendo quer  era a namorada que estava do outro lado da porta da casa de banho. 

 

Lusa