Pedro Horrach apresentou o recurso 24 horas depois do magistrado ter concluído a fase de instrução do processo que investiga, entre outros, o marido de Cristina, Iaki Urdangarin.
Horrach recorreu ainda a inclusão entre os arguidos da mulher de Diego Torres, ex-sócio de Iaki Urdangarin e outro dos principais suspeitos neste mega processo.
No seu recurso Horrach considera que o juiz instrutor baseia a decisão de manter a infanta Cristina como arguida em "meras conjeturas" e que sofre de "contaminação judicial pela influência dos órgãos de comunicação social".
Para o fiscal o juiz Castro atuou "imbuído de ondas prévias de imputs mediáticos interessados" evidenciando-se contradições e omissões nas resoluções adotadas pelo juiz durante o processo de instrução.
O procurador anticorrupção já tinha confirmado na quarta-feira aos jornalistas que tencionava recorrer da decisão do juiz por considerar que "continua a não haver qualquer elemento contra" a infanta.
Horrach considerou que esta é a única discrepância que tem tido com o juiz Castro neste processo em que há ainda 13 outros arguidos, e cuja investigação se alargou às administrações regionais nas Baleares, Valência e Madrid.
O auto de 167 páginas dado a conhecer pelo juiz na quarta-feira marca o final da fase de instrução do caso conhecido com Nóos, um dos que mais danificou a imagem da família real e da monarquia espanholas.
No texto, o juiz Castro dá ao Ministério Público e às acusações particulares que solicitem a abertura do julgamento, formulando por escrito a sua acusação num prazo de 20 dias.
Em concreto, a infanta Cristina está acusada com o marido por dois delitos de fraude fiscal e por um delito de branqueamento de capitais.
A instrução do processo - que investigou o alegado desvio de fundos públicos pelo instituto Nóos, presidido por Urdangarin entre 2003 e 2006 - demorou 1.436 dias e resultou num processo de mais de 58 mil páginas e 62 volumes.
Foi aberto em fevereiro de 2006 depois do PSOE nas Ilhas Baleares ter questionado no parlamento regional o pagamento de 1,2 milhões de euros ao Instituto Nóos pelo Governo regional para a realização de um encontro sobre turismo.
Investigações posteriores levaram à análise de outros acordos com o Nóos, tendo o processo acelerado em 2011 depois das primeiras rusgas e da primeira audição ao sócio de Urdangarin, Diego Torres.
O cunhado do rei espanhol foi constituído arguido em dezembro de 2011 e a sua mulher, a infanta Cristina, a 7 de janeiro, tendo prestado declarações ao juiz instrutor durante seis horas no passado dia 8 de fevereiro.
Nessa audição histórica - pela primeira vez, um membro de uma casa real europeia respondeu perante a justiça por um caso de corrupção - Cristina negou envolvimento no caso Nóos e desconhecimento sobre muitas das perguntas colocadas.
A infanta Cristina foi a única ausente das recentes cerimónias de abdicação do seu pai, Juan Carlos, e de proclamação do seu irmão, Felipe VI.
Esta semana foi visitada pela rainha Sofia na sua casa em Genebra (Suíça).
Lusa