Explosões são ouvidas regularmente, provenientes da zona de Marinka, na periferia sudoeste da cidade, de onde se elevam colunas de fumo, noticiou a agência de notícias francesa, AFP.
Em comunicado, a câmara municipal de Donetsk indicou que um bairro do oeste da cidade foi hoje palco de intensos combates, tendo os habitantes relatado fortes explosões e tiroteios.
"Intensos combates fizeram estragos às 17:00 (15:00 em Lisboa) no distrito de Petrovski", no extremo ocidental da cidade, referiu a autarquia, acrescentando que está a "verificar as informações sobre vítimas civis".
Segundo a mesma fonte, as salvas de morteiro disparadas toda a noite danificaram uma estação elétrica de um bairro de Donetsk vizinho de Marinka, privando de eletricidade cerca de 50 habitações.
Os combates intensificaram-se há vários dias em torno de Donetsk, a maior cidade da bacia carbonífera de Donbass - com um milhão de habitantes antes das hostilidades -, fazendo temer um assalto com combates particularmente mortíferos.
Em Kiev, um porta-voz militar confirmou que as forças ucranianas se "aproximaram" dos bairros periféricos de Donetsk e de outro bastião separatista, Lugansk.
"Isso não quer dizer que esteja em curso um assalto, por enquanto, trata-se de preparar a libertação da cidade", disse Andri Lyssenko à imprensa.
A estratégia até agora definida por Kiev consiste em isolar os rebeldes em Donetsk até se esgotarem os seus recursos.
O objetivo é intersectá-los na fronteira russa, por onde entram, de acordo com as autoridades ucranianas e ocidentais, armas e combatentes, o que explica as sanções económicas sem precedentes impostas à Rússia.
Na segunda-feira, o estado-maior ucraniano apelou aos civis para fugirem das zonas rebeldes e criou "corredores humanitários" para esse efeito em Donetsk, onde pediu aos rebeldes que respeitassem um cessar-fogo.
"Não deteremos ninguém, toda a gente é livre de fugir", afirmou hoje um rebelde num posto de controlo situado numa das artérias da cidade, onde a AFP viu dezenas de veículos transportando, nomeadamente, pessoas idosas.
Uma grande parte da população civil já abandonou a cidade, cujas ruas estão agora desertas e a maioria das lojas fechada.
Segundo números hoje divulgados pela ONU, pelo menos 285.000 pessoas fugiram do leste da Ucrânia, na maioria (168.000) em direção à Rússia, e o movimento de deslocação tem-se intensificado, alcançando 1.200 pessoas por dia nas últimas duas semanas.
As autoridades locais ucranianas registaram, até agora, 117.000 pessoas procedentes dessa região do país, precisou hoje, em Genebra, o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Contudo, para Vincent Cochetel, diretor do gabinete europeu do ACNUR, "trata-se de estimativas baixas", na medida em que a maioria dos homens que foge não se regista, por medo de serem alistados no exército ucraniano e enviados para a zona de conflito".
O número de 285.000 pessoas deslocadas representa, no entanto, um aumento de 24 por cento em relação à estimativa apresentada no mês passado.
"Segundo as autoridades russas - e nós pensamos que os números delas são credíveis -, há cerca de 730.000 ucranianos que atravessaram a fronteira para a Rússia desde o início do ano", declarou Cochetel à imprensa.
"Não os consideramos a todos refugiados, 168.000 requereram estatutos privilegiados, entre os quais o de refugiado, mas não se trata de turistas. Por vezes, passam a fronteira a pé, com apenas alguns sacos de plástico como única bagagem", acrescentou o responsável do ACNUR.
Daqueles que fugiram, 87 por cento são originários das zonas rebeldes de Donetsk e Lugansk, e os outros residiam na Crimeia, península anexada por Moscovo em março.
O Presidente ucraniano, Petro Porochenko, assegurou hoje que as forças ucranianas procuram "limitar ao máximo as perdas humanas, tanto entre a população quanto entre os soldados" e que estas recuperaram em dois meses três quartos do território rebelde.
Lusa