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Yahoo diz ter recebido “ameaças” dos EUA para cooperar no programa de espionagem

O gigante da Internet Yahoo disse, esta quinta-feira, ter recebido "ameaças" por parte da administração  norte-americana para cooperar e entregar os dados dos seus utilizadores no âmbito do programa de vigilância PRISM da Agência de Segurança Nacional  (NSA). 

(Reuters/ Arquivo)
© Denis Balibouse / Reuters

"Tivemos que lutar a cada passo para evitar as tentativas de vigilância  por parte do Governo dos Estados Unidos. A determinado momento, o Governo  ameaçou impor-nos uma multa diária de 250 mil dólares (193 mil euros) se  recusássemos obedecer", escreveu o chefe de Assuntos Jurídicos da Yahoo,  Ron Bell, no blogue da empresa. 

Os factos remontam a 2007, quando a Administração norte-americana alterou  uma lei para poder solicitar informação sobre os utilizadores dos serviços  'online', um pedido que a Yahoo considerou "inconstitucional", pelo se negou  a fornecer as informações e recorreu ao tribunal especial incumbido de avaliar  os pedidos de escutas feitos pelas agências de serviços secretos envolvendo  cidadãos estrangeiros suspeitos de espionagem ou terrorismo (Foreign Intelligence  Surveillance Court - FISC). 

O Yahoo, que durante esse período diz ter recebido "ameaças" por parte  da administração norte-americana, perdeu o caso e viu-se obrigada a partilhar  os dados pedidos. Contudo, de acordo com Ron Bell, concentrou esforços para  fazer com que o arquivo do caso fosse desclassificado, de modo a que os  holofotes se voltassem para a investigação às pressões exercidas pelo Governo,  o que finalmente acabaria por conseguir. 

Segundo Bell, o FISC já tirou o carimbo de informação "classificada"  das 1.500 páginas sobre o caso, estando o Yahoo a trabalhar para que estas  passem a estar disponíveis para consulta pública. 

O programa PRISM da NSA, cuja existência foi conhecida com as revelações  do ex-analista da agência Edward Snowden em 2013, prevê que as empresas  tecnológicas sejam obrigadas a partilhar com o Governo informações sobre  os seus utilizadores. 

Além do Yahoo, outros gigantes norte-americanos facultaram informação  à NSA no âmbito do PRISM, incluindo a Google, o Facebook, a Apple, o AOL  e a Microsoft. 

"Levamos a segurança pública muito sério, mas também estamos comprometidos  com a proteção dos dados dos nossos utilizadores. Continuaremos a enfrentar  aqueles pedidos e leis que consideramos ilegais, pouco claras ou exageradas",  concluiu Bell. 

Lusa