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Manifestação pró-curda no sudeste da Turquia faz um morto

Um homem morreu hoje na cidade turca de Mus (sudeste) durante uma manifestação pró-curda convocada para denunciar a inação de Ancara face ao avanço dos 'jihadistas' na cidade síria curda de Kobane, junto da fronteira com a Turquia.

© Umit Bektas / Reuters

De acordo com a comunicação social local, os manifestantes pró-curdos protestavam contra a recusa do governo turco de intervir militarmente e impedir o controlo de Kobane (Ain al-Arab, em árabe), localizada na província de Alepo (região norte da Síria), pelas forças do grupo radical Estado Islâmico (EI).

As circunstâncias da morte do homem de 25 anos ainda não são claras.

O diário turco Hurriyet indicou que Hakan Buksur foi atingido por um tiro de origem indeterminada, enquanto o canal de informação NTV assegurou que o homem de 25 anos foi atingido na cabeça por uma granada de gás lacrimogéneo atirada pelas forças policiais.

Os 'media' turcos avançaram ainda que outra pessoa ficou gravemente ferida durante os incidentes que envolveram manifestantes pró-curdos e a polícia turca.

Foram hoje realizadas em várias cidades da Turquia manifestações pró-curdas. Alguns dos protestos degeneraram em confrontos violentos entre as forças de segurança e os manifestantes que contestam a política do regime islâmico-conservador contra os 'jihadistas' do EI.

A polícia interveio com canhões de água e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes em vários bairros de Istambul, na capital Ancara, em Diyarbakir (a capital curda do sudeste da Turquia) e na conhecida estância balnear turca de Antalya (sul).

Na segunda-feira, o principal partido curdo da Turquia, o Partido Democrático Popular (HDP), apelou a todos os curdos do país para saírem para as ruas. No mesmo dia, manifestantes incendiaram carros em Istambul.

Após vários dias de intensos bombardeamentos, os combatentes do grupo radical EI conseguiram entrar, na segunda-feira, em Kobane e assumiram o controlo de vários bairros, o que fez aumentar os temores de uma rápida queda da cidade.

Aviões da coligação internacional, liderada pelos Estados Unidos, bombardearam hoje várias posições dos 'jihadistas' em Kobane, relatou uma jornalista da agência francesa AFP, a partir da fronteira turca.

Apesar de o Parlamento turco ter autorizado uma operação militar na Síria e no Iraque contra os 'jihadistas' do EI, o poder turco islâmico-conservador optou, até à data, não intervir, provocando a indignação e a fúria das populações curdas.

Num campo de refugiados no sul da Turquia, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, considerou hoje que será necessária uma operação militar terrestre para travar o movimento extremista islâmico.

"O terror não vai acabar (...) a menos que cooperemos para uma operação terrestre", afirmou Erdogan, ao dirigir-se aos refugiados sírios em Gaziantep.

Na mesma intervenção, que foi transmitida pela televisão, o chefe de Estado turco afirmou que os ataques aéreos não estão a ser suficientes.

"Os meses passaram, mas nenhum resultado foi alcançado. Kobane está quase a cair", acrescentou Erdogan.

 

SCA // JMR