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Manifestação em homenagem a irmãos Kouachi no Paquistão

Cerca de 60 pessoas manifestaram-se hoje em Peshawar, noroeste do Paquistão, em homenagem aos autores do ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo. A notícia é avançada por um jornalista da agência France Presse no local. Também na escola Islâmica Ghausia Madrassa, na mesma cidade, dezenas de estudantes juntaram-se para prestar homenagem aos irmãos Chérif e Said. 

© Khuram Parvez / Reuters
De sentido oposto às manifestações pela tolerância dos últimos dias em vários países ocidentais, a manifestação de Peshawar é um exemplo da condenação que suscita a publicação de caricaturas de Maomé em vários países muçulmanos. 

O 'mullah' local, Maulana Pir Mohammad Chisti, liderou o protesto e presidiu a uma oração pelos "mártires" Chérif e Said Kouachi, autores do ataque da semana passada ao jornal Charlie Hebdo, que fez 12 mortos. 

"Estes dois irmãos vingaram os muçulmanos do mundo inteiro. Apresentamos a nossa homenagem e testemunhamos o nosso respeito", disse o 'mullah', enquanto os manifestantes gritavam "morte ao Charlie Hebdo".

Aurangzeb Alhafi, professor de estudos islâmicos na Universidade do Punjab, em Lahore (leste), disse ao jornalista da France Presse que participou na oração por dever religioso.

"Se a liberdade de expressão para quando se menciona o Holocausto, então também deve parar na honra do nosso profeta", disse.

O governo do Paquistão condenou na semana passada os ataques de Paris, sem referir especificamente o jornal satírico.

O país tem em vigor uma polémica lei contra a blasfémia que prevê a pena de morte para quem insultar o profeta. Até hoje, 14 pessoas foram condenadas e, embora nenhuma tenha sido executada, é comum no país pessoas serem linchadas por multidões por suspeita de comportamentos insultuosos para o Islão.

País muçulmano de quase 200 milhões de habitantes, o Paquistão foi alvo em dezembro do ataque mais mortífero da sua história, em que 150 pessoas, a maioria crianças e adolescentes, morreram num ataque dos fundamentalistas talibãs a uma escola de Peshawar.