Erdogan, o homem forte da política turca na última década, tem tentado alterar a Constituição da Turquia de forma a garantir o alargamento dos poderes presidenciais para um modelo como o norte-americano, alegando que este vai assegurar uma governação mais eficaz.
"Num sistema unitário [como o turco], um sistema presidencial pode funcionar perfeitamente", afirmou Erdogan em declarações aos jornalistas quando regressava na quinta-feira a Istambul, de uma viagem à Arábia Saudita.
"Já existiram outros exemplos no mundo e na História. Podem ver isso olhando para o caso da Alemanha de Hitler", acrescentou o chefe de Estado turco, segundo os media locais, citados pela AFP.
No entanto, num comunicado à imprensa divulgado mais tarde, o gabinete do presidente disse ser "inaceitável" interpretar as palavras de Erdogan como um apoio ao regime nazi.
"O nosso presidente... [sic] declarou o Holocausto e o antissemitismo, assim como a islamofobia, crimes contra a Humanidade", afirmava-se no comunicado, que acrescentava que a Alemanha nazi "teve consequências desastrosas" para o sistema político e não podia ser encarada como um modelo.
Erdogan sugeriu referendar as suas propostas de reformas constitucionais.
Na passada semana, o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, deu início a negociações com outros partidos políticos para substituir a Constituição de 1980, elaborada pelos militares depois de um golpe de Estado nesse mesmo ano.
Apesar de ter reconquistado a maioria no parlamento nas eleições de novembro, o partido de Erdogan, o AKP, não reúne os dois terços dos assentos necessários para alterar a Constituição, sem o apoio de outros partidos.
Lusa