Hernando, que falava no final de mais de duas horas de reunião entre as três forças - e já depois de Pablo Iglesias (Podemos) ter adiado a sua conferência de imprensa -, reafirmou a linha do seu partido: um acordo do PSOE apenas com o Ciudadnos soma 130 votos e com as forças de esquerda soma 161 votos. Ambas são insuficientes, realçou.
"Acreditamos que a única via possível é um projeto plural que junte as três forças políticas que representam a via da mudança. Ou seja, que reúna 199 deputados ou mais. Continuamos a acreditar que podemos alcançar um acordo, mas há muito trabalho pela frente", disse.
Ainda antes da presença de Hernando na sala de imprensa do Congresso dos Deputados, o vice-secretário-geral do Ciudadanos, José Manuel Villegas, tinha declarado que "nas atuais condições" um acordo com o Podemos "é impossível e inviável".
O Podemos, explicou Villegas, apresentou na reunião a três um documento com 20 propostas que visava substituir o acordo com mais de 200 medidas já assinado entre o Ciudadanos e o PSOE.
Villegas explicou que iria analisar as medidas do Podemos, "por uma questão de consideração", mas salientou que a ideia que o seu partido tinha era de que o partido de Iglesias se poderia juntar ao atual acordo e não acabar com ele e substituí-lo por outro.
Questionado sobre se o PSOE vai "rasgar" o acordo com o Ciudadanos para poder voltar a negociar a dois com o Podemos, Antonio Hernando rejeitou essa possibilidade.
"O acordo continua em vigor, não vamos rasgá-lo. Somos um partido sério e cumprimos com os nossos compromissos", sublinhou.
No entanto, Hernando ressalvou que o acordo com o Ciudadanos pode ser "complementado", "ampliado" e "melhorado" com novos contributos do Podemos.
Por isso mesmo, os socialistas vão "estudar com seriedade" e com "toda a vontade" o documento de 20 propostas entregue pelo Podemos.
Entre as 20 propostas consta uma que nem o PSOE, nem o Ciudadanos se mostram dispostos a aceitar, sob qualquer condição: dar o direito a decidir a algumas regiões autonómicas sobre uma eventual independência.
O PSOE, o Podemos e o Ciudadanos reuniram-se hoje, pela primeira vez a três, para tentar encontrar uma solução de governo em Espanha, mas as posições mantiveram-se afastadas quando lhes restam 25 dias para evitar novas eleições legislativas.
Os socialistas do PSOE, de Pedro Sánchez, (90 deputados) já têm um acordo com o Ciudadanos de Albert Rivera (centro-direita, 40 deputados) e ambos pretendem que o Podemos de Pablo Iglesias (69 deputados) também assine um documento que lista 200 medidas políticas baseadas nos programas das duas formações.
Lusa