Segundo as rádios locais, o protesto ocorreu em Lagunillas, no Estado venezuelano de Mérida, localidade situada 700 quilómetros a sudoeste de Caracas, onde reside um importante número de cidadãos portugueses.
O protesto iniciou-se depois a população ter esperado durante várias horas pela venda de leite pasteurizado, uma promessa das autoridades que não foi cumprida pela sucursal da rede de supermercados estatais.
Inconformada com a situação, a população incendiou pneus que colocou em várias ruas, interrompendo a circulação e iniciando uma situação em que motociclistas encapuzados incendiaram ainda as portas da Câmara Municipal de Sucre, queimaram uma viatura policial e destruíram um armazém.
Dezenas de funcionários da Polícia do Estado de Mérida (Polimérida) dispersaram os manifestantes, usando granadas de gás lacrimogéneo e efetuando disparos com balas de borracha.
Mais de uma dúzia de pessoas ficaram feridas nos confrontos com a polícia.
Na vizinha povoação de Tabay várias pessoas protestaram, pelo segundo dia consecutivo, contra as limitações para compra de produtos básicos, denunciando que em 15 dias apenas tinham podido aceder a um quilograma de farinha de milho pré-cozida.
Fontes não oficiais dão conta que se registaram várias tentativas de saques a pequenas mercearias e supermercados, situação que foi controlada pela polícia de Mérida.
Segundo o subdiretor da Polimérida, os agentes da polícia tiveram que montar um "dispositivo de segurança" para proteger a vida das pessoas que estavam nas filas para comprar produtos.
Ainda em Mérida, no município Libertador, dezenas pessoas saíram para a rua em protesto pela falta de produtos básicos. A população colocou vários pneus incendiados nas ruas principais da localidade de Doña Rosa, impedindo a circulação de viaturas durante várias horas.
São cada vez mais frequentes as queixas dos venezuelanos para conseguir, no mercado local, produtos básicos como a farinha de milho, café, açúcar, leite, manteiga, óleo, feijão e outros grãos, massa e arroz, entre outros, que quando chegam aos supermercados são vendidos sem chegar a ser colocados nas prateleiras.
Também são cada vez mais frequentes as filas junto dos supermercados, num país onde a inflação ronda os 200%.
Lusa