A associação de mulheres, que trabalha nos bairros do norte de Marselha atingidos pela pobreza, tinha feito um pedido de reserva do SpeedWater Park para 10 de setembro, com o aviso às participantes para "não virem com duas peças", mas com um fato de banho escondendo o corpo "do peito aos joelhos".
A iniciativa, perfeitamente legal, causou contudo alvoroço entre as autoridades locais e alguns políticos, a maioria de direita e extrema-direita, que condenaram o evento como uma nova expressão de "comunitarismo" que punha em causa o modelo republicano e como "um atentado à dignidade das mulheres".
O SpeedWater Park e o município de Pennes-Mirabeau, cidade com 20 mil habitantes, onde se situa o parque aquático, acabaram por decidir "não manter" o pedido de reserva da associação de mulheres Smile 13, que não tinha confirmado a reserva nem pagado depósito, anunciaram o parque e a câmara num comunicado conjunto.
"Nem o SpeedWater Park, nem a cidade de Pennes-Mirabeau desejam ser palco de perturbações da ordem pública desencadeadas por questões que ultrapassam as suas atividades ou territórios", lê-se no comunicado, citado pela agência de notícias francesa, AFP.
Já a 3 de agosto, o presidente da câmara, Michel Amiel, tinha anunciado que iria emitir "um mandado de proibição" daquele evento.
"Posições ideológicas extremas estão a servir-se da polémica ligada a este evento para sanar conflitos nos quais o SpeedWater Park e Pennes-Mirabeau não desejam participar", explicam as duas entidades no texto conjunto.
A associação Smile 13, que se escusou a responder às solicitações dos media, constata na sua conta da rede social Facebook "com espanto e pesar a dimensão da polémica" em torno do evento.
Perante as ameaças recebidas -- nomeadamente balas de revólver enviadas por correio -, a associação disse ter "contactado a Assembleia contra a Islamofobia em França".
O uso de trajes islâmicos no espaço público é malvisto no país -- alvo desde 2015 de vários atentados jihadistas -- e o véu é proibido nas escolas e às funcionárias de serviços públicos.
O surgimento do "burkini" e de "hijabs" em coleções de moda foi criticado em março pela ministra socialista dos Direitos das Mulheres, Laurence Rossignol, que nele viu "a promoção do confinamento do corpo das mulheres".
Lusa