A sondagem da ReachTEL para o Australia Institute revela que 56,5% das quase 10.300 pessoas sondadas defende que a fronteira deve ser delimitada respeitando o direito internacional.
Cerca de 17% dos inquiridos defendem que a fronteira não deve ser definida de acordo com o direito internacional e 26,6% não sabem ou não respondem.
Para Bem Oquist, diretor executivo do Australia Institute, a sondagem indica que a maioria dos australianos quer uma solução justa para Timor-Leste no que toca ao acesso aos recursos do Mar de Timor.
"O Governo deveria ouvir a opinião geral da população neste assunto e iniciar negociações futuras com um novo espírito de amizade e respeito pelo direito internacional", afirma, em comunicado.
O Australia Institute identifica-se como o "think tank progressista mais influente", num país onde o Governo é atualmente liderado pelos liberais conservadores.
Parte da fronteira permanente entre os dois países continua por definir, com a divisão dos recursos da região a ser feita ao abrigo de um acordo temporário e Timor-Leste a pressionar Camberra para uma delimitação consensual.
Delegações de Timor-Leste e da Austrália têm estado reunidas, sob égide de uma Comissão de Conciliação das Nações Unidas que está a mediar entre os dois países, na sequência de uma ação tomada pelo Governo timorense.
A última ronda negocial decorreu em outubro em Singapura com as duas partes a considerarem que o encontro foi "muito produtivo".
Estes contactos inserem-se no processo da Comissão de Conciliação Pública, convocada por Timor-Leste a 11 de abril, no âmbito da Lei do Mar, para tentar forçar Camberra a negociar a delimitação das fronteiras marítimas entre os dois países.
Uma nova série de encontros entre as duas partes e a comissão deverão ocorrer em 2017, antecipando-se que o processo se manterá confidencial apesar de serem possíveis "outras declarações públicas conjuntas".
No final de setembro, a comissão declarou-se competente para continuar com o procedimento de conciliação entre Timor-Leste e a Austrália, rejeitando assim a contestação de Camberra a este processo.
A "Decisão sobre Competência Jurisdicional" foi a primeira derrota da Austrália neste processo, que tinha contestado a competência da comissão a 29 de agosto, quando decorreu a sessão de abertura, em Haia.
Timor-Leste iniciou este Procedimento de Conciliação Obrigatória (PCO), com base nos termos do Anexo V da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, por considerar que apesar dos acordos temporários de partilha dos recursos do Mar de Timor, continua a não haver fronteiras permanentes entre os dois países.
Díli contesta ainda que a Austrália se retire dos procedimentos de resolução internacionais, o que limita "os meios de Timor-Leste fazer cumprir os seus direitos ao abrigo do direito internacional".
Lusa