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"Eu não aprovo o que Hitler fez e também não aprovo o que Israel faz"

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou que era "deslocado perguntar quem era o mais bárbaro" entre Hitler e Israel, durante uma entrevista a uma estação televisiva israelita difundida na noite de segunda-feira.

Em junho de 2014, em plena intervenção militar israelita na Faixa de Gaza, Erdogan acusara o Estado hebreu de ter "ultrapassado Hitler em matéria de barbárie", provocando uma forte polémica.

Estas últimas declarações ocorrem depois de a Turquia e Israel se terem reconciliado recentemente, ao fim de seis anos de confronto provocado por um assalto mortífero de forças israelitas a uma flotilha turca que procurava quebrar o bloqueio da Faixa de Gaza.

Mas, longe de renegar a evocação de Adolf Hitler, Erdogan declarou na cadeia televisiva privada Channel 2 que estava "muito consciente" da sensibilidade ligada ao nome do responsável da eliminação sistemática de milhões de judeus durante a segunda guerra mundial.

E acrescentou: "Eu não aprovo o que Hitler fez, e também não aprovo o que Israel faz. Quando é questão da morte de tantas pessoas, é deslocado procurar saber quem é o mais bárbaro".

Renovando com uma retórica pró-palestiniana que tinha moderado durante as negociações turco israelitas, Erdogan afirmou que lhe era "impossível esquecer as centenas, os milhares de pessoas que morreram quando [os militares israelitas] atacaram Gaza" em 2014.

A guerra do verão de 2014 entre Israel e o Hamas foi a mais longa e a mais devastadora das três guerras na Faixa de Guerra desde 2008. Do lado palestiniano, morreram 2.251 pessoas, das quais 551 crianças, segundo a Organização das Nações Unidas. Do lado israelita, morreram 73 pessoas, das quais 67 soldados, e 1.600 ficaram feridas.

Israel e Turquia trocaram na semana passada embaixadores, fechando uma crise nascida do assalto das forças especiais israelitas, em 2010, ao navio Mavi Marmara, uma embarcação turca que integrava uma flotilha humanitária, que se dirigia para Gaza.

Dez militantes turcos que estavam a bordo foram mortos.

Lusa