Mundo

Rebeldes propõem trégua de cinco dias em Alepo para retirar feridos civis

Grupos rebeldes sírios de Alepo propuseram hoje um cessar-fogo de cinco dias para retirar 500 civis gravemente feridos para outras regiões controladas pelos rebeldes, segundo um comunicado.

Rebeldes propõem trégua de cinco dias em Alepo para retirar feridos civis
© Abdalrhman Ismail / Reuters

A proposta surge depois de novos avanços das forças do regime, que controlam agora três quartos do leste de Alepo, zona que estava nas mãos dos rebeldes desde 2012.

O comunicado dos rebeldes pede a retirada de 500 civis gravemente feridos nos bombardeamentos das últimas semanas e a saída dos civis que pretendam abandonar Alepo para a zona rural a norte da cidade, onde praticamente não há presença das forças governamentais.

A saída de civis para a província vizinha de Idleb é contudo recusada pelos rebeldes, porque essa região "já não é segura devido aos bombardeamentos da Rússia e do regime".

A proposta não faz qualquer referência a uma rendição ou retirada de forças rebeldes, como exigiu o regime sírio.

Um dirigente da fação rebelde Nouredin el-Zinki, o capitão Abdel Salam Abdel-Razek, afirma no texto que o futuro da cidade de Alepo deve ser negociado durante esta trégua humanitária, que deve ser monitorizada pelas Nações Unidas.

Outro responsável desta fação, Yasser Youssef, disse à agência France-Presse que a proposta foi aprovada por todos os grupos rebeldes presentes em Alepo, incluindo o Fateh al-Sham, antes designado Frente al-Nosra e que é o braço da Al-Qaida na Síria.

O regime de Damasco não reagiu à proposta rebelde até ao momento.

O regime lançou há cerca de três semanas uma ofensiva para recuperar a zona leste da cidade de Alepo, que se caracterizou por uma campanha de bombardeamentos aéreos seguida de combates no terreno.

Na terça-feira, um dia depois de a China e a Rússia vetarem um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU pedindo um cessar-fogo de sete dias, o regime de Bashar al-Assad afirmou que só aceitará uma trégua em Alepo que inclua a retirada total dos grupos rebeldes.

Segundo a agência oficial SANA, as forças do regime conseguiram alcançar às primeiras horas da manhã de hoje o centro histórico de Alepo, controlando agora três quartos da zona oriental da cidade.

O Observatório Sírios dos Direitos Humanos, organização não-governamental com sede em Londres que recolhe informação junto de uma vasta rede de ativistas, voluntários, médicos e rebeldes no terreno, confirmou estes avanços e adiantou que a entrada do exército no centro de Alepo "sufocou" os rebeldes.

Lusa