"Os media desonestos não dizem que o dinheiro que vai ser gasto na construção do Grande Muro (para ser rápido) será mais tarde reembolsado pelo México", diz Trump no Twitter.
A cadeia de televisão CNN avançava ontem que a equipa de transição de Trump tinha pedido aos responsáveis republicanos para financiarem o muro com dinheiros públicos já em abril.
A promessa de Trump de construir um "enorme, poderoso e belo muro" na fronteira sul dos Estados Unidos - com três mil quilómetros de comprimento - era constantemente citada nos seus comícios. Cada vez que Trump lançava a pergunta: "Quem vai pagar", a multidão entusiasta respondia sempre: "O México!".
O custo total do projeto não está determinado mas deverá ascender a vários mil milhões de dólares.
Para que a construção comece depressa, os responsáveis republicanos - das duas câmaras do Congresso e a equipa de transição de Trump - vão apoiar-se numa lei promulgada em 2006 pelo Presidente George W. Bush que autoriza a construção "de uma barreira física" na fronteira com o México.
Nunca posta em prática, esta legislação não prevê limite de tempo pelo que pode servir de base legal, com a condição de um posterior reembolso.
Os republicanos estão convictos de que a margem de manobra dos democratas em contrariar este assunto é muito limitada, dado que conta com a adesão de uma grande parte da população e o bloqueio no Congresso poderia dar origem a uma paralisia do Governo, com grandes custos políticos para os democratas.
Presidente do México diz que não paga
A 22 de outubro, durante a campanha eleitoral, Trump avisou que as autoridades mexicanas iriam ressarcir os Estados Unidos pelos custos envolvidos na construção do muro fronteiriço.
"Disse que o México pagaria o muro, no entendimento de que o país iria reembolsar os Estados Unidos pelo custo total desse muro", disse então o magnata do imobiliário, uma posição que reiterou hoje.
Antes, Trump tinha afirmado que seria o México a pagar diretamente a construção do muro.
Em agosto, em plena campanha eleitoral, o Presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, convidou os dois candidatos presidenciais norte-americanos, Donald Trump e a democrata Hillary Clinton, a visitarem o país.
Trump aceitou o convite e, nessa altura, garantiu que não discutiu com Peña Nieto qualquer questão sobre quem iria pagar o quê.
"Não discutimos o pagamento do muro, isso fica para uma data mais à frente", garantiu então.
Peña Nieto, por sua vez, escreveu na mesma altura no Twitter: "No início da conversa com Donald Trump, deixei claro que o México não vai pagar pelo muro".
As autoridades mexicanas já afirmaram por diversas ocasiões que não têm qualquer intenção de pagar um cêntimo que seja.
O congressista republicano Chris Collins afirmou hoje que Trump "tem todas as cartas que necessita" para pressionar o reembolso mexicano, porque "a economia do México depende dos consumidores norte-americanos".
Donald Trump, vencedor das eleições presidenciais do passado dia 8 de novembro, será empossado a 20 de janeiro, numa cerimónia pública junto ao edifício do Capitólio, em Washington.