No entanto, numa correspondência com uma mulher anónima, publicada pelo jornal Libération, o jovem mostra-se "falador pela primeira vez", aponta o diário. "Antes de tudo, não tenho medo de deixar escapar algo porque não tenho vergonha do que sou. Além disso, o que se pode dizer de pior em relação ao que já foi dito?", escreveu.
"Estou a escrever-te sem saber como começar, recebi todas as tuas cartas e não sei se gostei delas ou não mas definitivamente permitiram-me passar algum tempo no mundo exterior. Como foste direta, também vou ser, se te pergunto quais são as tuas intenções é para me assegurar que não me amas como uma 'estrela' ou um 'ídolo' porque recebo mensagens dessas e não apoio isso porque a única pessoa que merece ser adorada é Alá", pode ler-se.
Abdeslam recebeu mensagens de várias pessoas mas só respondeu a uma mulher, de acordo com o jornal. O jovem de 27 anos foi transferido de França para a Bélgica em abril, depois de ser detido em Bruxelas. Os seus dois advogados disseram em outubro que não iriam mais defendê-lo dado a sua recusa de responder a perguntas.
Acredita-se que Abdeslam é o único extremista que sobreviveu aos ataques à capital francesa. Abdeslam é acusado de ter disponibilizado apoio logístico aos sete extremistas que morreram nos vários locais dos ataques: a sala de espetáculos Bataclan, o estádio nacional Stade de France, e vários bares e restaurantes em Paris.
Lusa