Candidata às eleições presidenciais francesas de 23 de abril e 7 de maio, Marine Le Pen tinha até à meia-noite da passada terça-feira para devolver ao Parlamento Europeu (PE) 300 mil euros, mas a eurodeputada e líder da Frente Nacional francesa rejeitou expressamente a exigência pouco antes do final do prazo.
O PE afirma que Le Pen usou incorretamente os fundos para pagar a uma assistente, Catherine Griset, que trabalhava diariamente na sede da Frente Nacional em Paris, e não na assembleia parlamentar europeia, que se reúne em Estrasburgo e em Bruxelas.
Uma fonte do PE não identificada disse à agência France-Presse que a decisão de confiscar o salário de Le Pen não representa qualquer sanção, mas uma tentativa de recuperar os fundos.
Le Pen e os seus representantes tiveram "muitas oportunidades" para esclarecerem as suas posições, acrescentou a fonte.
Os salários dos deputados ao PE são pagos ao 15.º dia de cada mês, pelo que o procedimento deverá começar em breve, indicou a fonte, acrescentando que o salário de um eurodeputado pode ascender a oito mil euros mensais, incluindo suplementos. Griset foi funcionária da Frente Nacional como "assistente acreditada" entre 2010 e 2016.
O PE está ainda a tentar reaver mais de 41.500 euros pagos a Thierry Legier, guarda-costas de Le Pen.
Marine Le Pen disse à AFP na terça-feira que nunca recebeu o dinheiro e comparou o caso com alegações segundo as quais o seu opositor conservador, candidato às presidenciais francesas, François Fillon, pagou à sua mulher e filhos cerca de 900 mil euros por empregos falsos como assistentes parlamentares.
"Para devolver o dinheiro, teria que ter começado por recebê-lo, mas eu não sou François Fillon", afirmou a líder da extrema-direita francesa.
"Mais ainda, contesto formalmente esta decisão unilateral e ilegal", acrescentou Le Pen.
O tesoureiro da Frente Nacional, Wallerand de Saint-Just, confirmou também à agência de notícias francesa, na terça-feira, que Le Pen se tinha recusado a devolver os fundos.
Lusa