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Ministro francês do Interior demitiu-se após ter contratado as filhas como assessoras

O ministro francês do Interior Bruno Le Roux demitiu-se esta terça-feira depois de ter contratado as suas duas filhas adolescentes como assessoras parlamentares. A notícia foi dada a conhecer esta semana, levando o primeiro o primeiro-ministro francês Bernard Cazeneuve a pedir uma reunião para esta terça-feira, que resultou na demissão do ministro.

Ministro francês do Interior demitiu-se após ter contratado as filhas como assessoras
© Charles Platiau / Reuters

A Presidência da República anunciou em simultâneo a sua substituição pelo atual secretário de Estado para o Comércio Externo, Mathias Fekl.
O ex-ministro insistiu que não existe qualquer irregularidade na contratação das suas duas filhas, mas justificou a sua decisão por respeito pelo Governo e permitir ao Ministério do Interior que prossiga o combate ao terrorismo e a outros desafios de segurança.

Le Roux disse que os contratos de trabalho estão em conformidade "com as regras judiciais da Assembleia Nacional" e "tudo corresponde a trabalho que foi efetivamente realizado".

O anúncio da sua demissão surge um dia após uma reportagem televisiva acerca dos empregos temporários no parlamento das suas filhas, e dois meses após uma investigação similar ter prejudicado seriamente a candidatura presidencial do conservador François Fillon. .

Segundo informações divulgadas na segunda-feira pela comunicação social francesa, Bruno Le Roux, de 51 anos, terá efetuado, entre 2009 e 2016, vários contratos em nome das suas duas filhas adolescentes num valor total de 55 mil euros.

As adolescentes, que foram contratadas como assessoras parlamentares, terão assinado os seus primeiros contratos de trabalho com o Estado aos 15 e 16 anos, respetivamente.

Esta polémica vem juntar-se a outros casos de empregos fictícios que têm abalado a política francesa.

O candidato da direita às presidenciais francesas François Fillon foi acusado recentemente de uso indevido de fundos públicos no processo sobre alegados empregos fictícios para a mulher e dois filhos.

Também a candidata presidencial da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, tem enfrentado acusações sobre "empregos fictícios" e suspeitas de uso indevido de fundos do Parlamento Europeu.

Numa reportagem televisiva transmitida na segunda-feira, o ministro socialista reconheceu a contratação pontual das filhas quando era deputado, "nos verões, nomeadamente, ou durante períodos de férias escolares", mas rejeitou qualquer comparação com o caso de Fillon.

Em finais de janeiro, numa reação às revelações sobre o candidato presidencial conservador, Le Roux denunciou "a perversão de François Fillon".

Com Lusa