O ataque policial aos manifestantes, que se repetiu em várias oportunidades, teve lugar na Avenida Libertador, na zona de La Campiña, nas proximidades das instalações da agência Lusa.
Os opositores pretendiam chegar até à Defensoria do Povo (procuradoria popular) para entregar um documento contra duas sentenças recentes do Supremo Tribunal de Justiça, que limitavam a imunidade parlamentar e assumiam as funções do parlamento, e também pela realização de eleições regionais no país, que estavam previstas para o passado mês de dezembro.
"Estávamos a marchar tranquilamente e subitamente os tanques (da polícia) avançaram contra os manifestantes, com jactos de água 'picante' e houve uma chuva de gases lacrimogéneos. Muitos tivemos que correr para nos protegermos", explicou um estudante luso-descendente à agência Lusa.
Marcos Teixeira, de 22 anos, refugiu-se dos gases e da água num pequeno restaurante de uma das ruas paralelas, que foi "invadido" por dezenas de manifestantes, que tentavam manter-se juntos para impedir que fossem detidos pela polícia, enquanto dois helicópteros das forças de segurança sobrevoavam a zona.
Enquanto os manifestantes corriam, algumas pessoas abriram as portas das suas casas e edifícios para que se protegessem.
"As leis (venezuelanas) proíbem o uso de gases químicos contra os manifestantes, mas as autoridades fazem caso omisso disso e tentam asfixiar-nos", frisou.
Segundo este luso-descendente, os venezuelanos "estão conscientes de que a Venezuela está a entrar numa etapa crucial, em que a 'ditadura' tentará demonstrar o poder e, por isso, cada vez haverá mais manifestações".
Um amigo de Marcos, também luso-descendente, Nélio da Costa, de 23 anos, aproximou-se para explicar que não estão "contra (o Presidente Nicolás) Maduro" e que o Presidente "deve entender isso".
"Não queremos ditadura, queremos garantias, queremos que o seu Governo reconsidere algumas medidas que atentam contra os direitos dos cidadãos, porque queremos segurança pessoal e jurídica, porque enquanto outros países avançam a Venezuela regista retrocessos importantes em várias áreas e porque não queremos ter que emigrar como fizeram os nossos pais", disse.
Além de Caracas, milhares de pessoas marcharam hoje noutros Estados do país, entre eles Táchira, onde pelos menos duas pessoas ficaram feridas (um homem e uma jovem).
Em San Cristóbal (Táchria), os opositores foram atacados por coletivos (motociclistas armados) afetos à revolução, que dispararam quando colocavam bandeiras da Venezuela sobre a estátua do Libertador Simón Bolívar (político venezuelano que libertou vários países da América Latina).
Na Ilha de Margarita, a chegada dos primeiros turistas, por ocasião da Semana Santa, foi acompanhada por um protesto contra "a perseguição política" que teve lugar na importante avenida 4 de Maio e por uma manifestação na autoestrada Juan Bautista Arismendi, que conduz ao aeroporto Santiago Mariño.
Em El Tigre, no Estado de Anzoátegui, os venezuelanos marcharam para dizer "não queremos mais ditadura".Por outro lado, em San Carlos, dirigentes políticos dizem ter sido seguidos pela polícia, quanto tentavam manifestar-se e há registos de bloqueios de estradas com pneus incendiados em Carabobo.
Lusa