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1.500 km de estragos na Grande Barreira de Coral

São cerca de dois terços - 2/3 - do maior recife de coral do mundo em risco de desaparecer. Os últimos dois anos consecutivos de branqueamento de corais, provocados pelas alterações climáticas e pelo aquecimento da água do mar, deixaram um rasto de destruição na Grande Barreira de Coral, num fenómeno que já aconteceu em 1998 e 2002. E, como se não bastasse, esta mesma região da costa nordeste australiana foi fustigada pelo ciclone tropical Debbie no final de março que danificou mais um corredor de 100 km de largura.

1.500 km de estragos na Grande Barreira de Coral
© David Gray / Reuters

O alerta é do diretor do Centro de Excelência de Estudos de Coral da Universidade James Cook.

Terry Hugues não tem dúvidas que apenas 1/3 da Grande Barreira de Coral continua ileso porque "o impacto combinado deste branqueamento consecutivo estende-se ao longo de 1.500 quilómetros", afirmou em comunicado.

Em 2016, o branqueamento causado por um aumento das temperaturas das águas acima da média, combinado com os efeitos do fenómeno do 'El Niño', afetou sobretudo a parte norte da Grande Barreira, situada frente às costas da Austrália.

"Este ano, em 2017, estamos a viver um branqueamento maciço, inclusivamente sem a implicação das condições de um fenómeno do 'El Niño'", disse Hughes, ao referir-se aos resultados deste estudo, semelhante ao trabalho realizado em 2016 na Grande Barreira, que viveu fenómenos similares em 1998 e 2002.

"Os corais descolorados não são necessariamente corais mortos, mas na região central afetada severamente, antecipamos que se registaram altos níveis de perda de corais", disse James Kerry, que também participou nas investigações.

Os corais demoram cerca de uma década para recuperarem completamente, tendo sublinhado que "um branqueamento maciço que ocorre com 12 meses de intervalo oferece zero possibilidades de recuperação para aqueles corais danificados em 2016".

Para agravar a situação, estima-se que a passagem do ciclone tropical Debbie, que atingiu o nordeste australiano no final de março, danificou o corredor de 100 quilómetros de largura por onde passou.

"Provavelmente, qualquer efeito de arrefecimento relacionado com o ciclone será insignificante em relação ao dano que este causou, já que infelizmente atingiu uma parte do recife que tinha escapado à pior parte do branqueamento", disse Kerry, no mesmo comunicado.

Os cientistas lamentaram que a Grande Barreia de Coral esteja a enfrentar diversas situações com um impacto negativo na sua saúde, especialmente os danos causados pelas alterações climáticas, pelo que instaram os governos a reduzir as emissões poluentes.

A Grande Barreira de Coral começou a deteriorar-se na década de 1990 pelo duplo impacto do aquecimento da água do mar e do aumento da respetiva acidez pela maior presença de dióxido de carbono na atmosfera.