Philippe Carr disse à agência noticiosa Associated Press (AP) que o combate provocou uma redução dos serviços humanitários e escassez de água para os deslocados. O porta-voz da organização humanitária disse que os civis estavam a fugir em direção à cidade sul sudanesa de Aburoc.
Na terça-feira, foram registados bombardeamentos na cidade de Kodok e na quarta-feira a cidade estava deserta, com helicópteros militares estacionados nas redondezas.
As forças militares do Sudão do Sul mantêm uma ofensiva na região de Kodok e do Alto Nilo, referiu na terça-feira o chefe da missão da ONU no Sudão do Sul, David Shearer, perante os membros do Conselho de Segurança. Na ocasião admitiu que 70.000 civis poderiam ter sido deslocados.
"Virtualmente, nenhuma zona do país está imune ao conflito", disse Shearer perante o órgão da ONU que inclui 15 Estados-membros.
Acrescentou "não existir um esforço concertado de qualquer das partes para promover um cessar-fogo".
A ofensiva do Governo sobre Kodok é uma das mais significativas neste período de combates, e estão a colocar em dificuldades o líder rebelde Johnson Olony e as suas forças Shilluk, prosseguiu. Foi ainda admitido um novo fluxo de refugiados civis em direção ao vizinho Sudão.
Na quarta-feira, o negociador principal do acordo de paz, o antigo Presidente do Botsuana Festus Mogae, disse que o Sudão do Sul estava a atravessar "uma crise no interior da crise".
"Homens, mulheres e crianças estão a sofrer e a morrer de fome devido ao falhanço da liderança em impedi-lo, e a vários níveis", disse Mogae.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha também retirou o seu pessoal humanitário de Kodok, confirmou à AP a porta-voz, Alyona Synenko.
O ataque a Kodok surge na sequência de uma série de recentes ofensivas governamentais ao longo do Sudão do Sul, e está a questionar a legitimidade do um acordo de paz assinado em agosto de 2015 pelo Presidente Salva Kiir.
Desde a assinatura deste acordo, a oposição fragmentou-se e a ONU assinalou a presença de operações de limpeza étnica e fome declarada em duas regiões do país africano.
Cerca de um milhão de pessoas estão em risco de fome no Sudão do Sul, e 1,9 milhões já abandonou o país.
Lusa