"Devemos ter em conta na região que o YPG e o PYD nunca serão aceites e que tal contraria o acordo global que alcançámos", disse Erdogan nas declarações aos media após uma reunião na Casa Branca com o seu homólogo Donald Trump.
"Não devemos permitir que esses grupos manipulem a estrutura religiosa ou étnica da região com o terrorismo como pretexto", acrescentou Erdogan, ao reforçar a sua oposição à decisão em fornecer armamento as milícias do YPG.
As relações entre a Turquia e os Estados Unidos voltaram a degradar-se na sequência da decisão de Washington em fornecer armamento pesado às milícias curdas sírias Unidades de Proteção Popular (YPG) para a ofensiva contra Raqa, "capital" do grupo jihadista Daesh.
A Turquia define o YPG como uma formação "terrorista" pelos seus vínculos à guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) que atua no sudeste da Turquia, onde se concentra a maioria da população curda do país.
Trump optou por não fazer qualquer referência à sua decisão em armar as milícias curdas da Síria, e limitou-se a destacar a importância de cooperar com a Turquia no combate ao grupo jihadista Daesh, que ambos combatem no Iraque e Síria integrados na coligação internacional liderada por Washington.
O chefe da Casa Branca comprometeu-se ainda em apoiar o combate de Ancara contra a rebelião curda na Turquia do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que os EUA, União Europeia (UE) e Turquia consideram uma "organização terrorista".
Estes grupos "não terão qualquer local seguro", prometeu Trump na histórica Sala Roosevelt da Casa Branca, onde também enalteceu a "liderança da Turquia em terminar com as horríficas matanças na Síria".
Donald Trump disse ainda que os Estados Unidos vão restabelecer a parceria económica e militar com a Turquia.
Nas suas declarações, Erdogan congratulou-se pela vitória de Trump nas presidenciais de novembro.
Apesar de também ter apelado à extradição do clérigo turco Fethullah Gülen, exilado nos EUA desde 1999 e acusado por Ancara de ter orquestrado o fracassado golpe de Estado de julho de 2016, registou-se reduzida tensão.
Os presidentes dos Estados Unidos e da Turquia prometeram no entanto melhorar as relações bilaterais, degradadas nos últimos anos pelas divergências em torno da guerra na Síria.
Os EUA consideram a coligação árabe-curda das Forças Democráticas Sírias (FDS), onde o YPG tem posição de destaque, como o seu aliado mais eficaz no terreno na Síria contra os jihadistas.
Os Estados Unidos e a Turquia são aliados na NATO e na Coligação anti-jihadista, mas Ancara tem demonstrado crescente preocupação pelos ganhos territoriais das milícias curdas na vizinha Síria e a eventualidade de garantirem um consistente grau de autonomia ou a formação de uma entidade administrativa própria.
Lusa