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Oposição fala em mais de 250 feridos em protesto em Caracas

O dirigente da oposição venezuelana Henrique Capriles afirmou, na noite de segunda-feira, que 257 pessoas ficaram feridas durante uma manifestação antigovernamental realizada em Caracas, dispersada pelas autoridades com recurso a gás lacrimogéneo.

Oposição fala em mais de 250 feridos em protesto em Caracas
Carlos Garcia Rawlins

"Temos 257 feridos às 19:07 (00:07 de terça-feira em Lisboa)", afirmou Capriles, numa conferência de imprensa, em que fez um balanço do dia de segunda-feira e convocou para hoje uma nova marcha com destino ao Ministério do Interior e Justiça para exigir ao titular dessa pasta que pare a "repressão" dos protestos.

"Vamos responder amanhã (hoje) nas ruas do nosso país ao que se passou", afirmou o dirigente do partido Justiça Primeiro, queixando-se da atuação das forças de segurança e colocando dúvidas relativamente aos efetivos destacados.

"Tenho dúvidas de que os que estavam a atuar hoje (segunda-feira) fardados sejam efetivamente da Guarda Nacional", disse o também governador do estado de Miranda.

Capriles tinha denunciado, pouco antes, através do Twitter, ter sido vítima de uma emboscada por parte de supostos membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada) após o protesto em que participou na capital, tendo indicado que tanto ele, como a equipa de trabalho que o acompanhava, composta por uma dezena de pessoas, foi roubada e agredida por meia centena de agentes.

O primeiro vice-presidente do parlamento, Freddy Guevara, também da oposição, considerou igualmente, através da sua conta na rede social Twitter, que a "repressão" de segunda-feira em Caracas teve uma dimensão "descontrolada", afirmando sentir vergonha pela atuação da GNB e da Polícia Nacional Bolivariana.

A Venezuela encontra-se mergulhada numa grave crise política que opõe o Presidente do país, Nicolás Maduro, ao parlamento, dominado pela oposição. Os protestos intensificaram-se no princípio de abril, com a oposição a convocar manifestações para exigir a destituição de magistrados do Supremo Tribunal devido à sua decisão de assumir as funções do parlamento, dominado pela oposição, a qual foi revertida pouco tempo depois, bem como eleições antecipadas e a libertação de presos políticos e do fim da repressão.

As manifestações, das quais muitas resvalaram em violentos confrontos, agravaram-se com o anúncio, no início deste mês, do arranque do processo de criação de uma assembleia constituinte para reformar a Constituição, como a única forma de garantir a paz, numa decisão vista pela oposição como um golpe de Estado e uma forma de Maduro conseguir perpetuar-se no poder.

Segundo o mais recente balanço, facultado pela Procuradoria da Venezuela, 59 dias de protestos resultaram em 59 mortos e em pelo menos mil feridos.

Lusa