"Pensamos que cerca de 80 pessoas estão mortas ou presumivelmente mortas" devido ao incêndio que destruiu o edifício de habitação social na noite de 13 para 14 de junho, declarou Fiona McCormack, uma das responsáveis da polícia de Londres, numa conferência de imprensa.
O balanço mantêm-se, portanto, próximo do último divulgado pela polícia que era de 79 mortos ou presumivelmente mortos.
"Serão necessários longos meses antes de podermos fazer um balanço definitivo", disse McCormack. As operações de recuperação dos corpos continuarão "até ao final do ano".
A responsável da Scotland Yard precisou que a polícia ainda não conseguiu contactar com os ocupantes de 23 dos 129 apartamentos da torre, situada num dos mais ricos bairros de Londres, em Kensington e Chelsea.
"Isso leva-nos a pensar que ninguém daqueles 23 apartamentos sobreviveu", sublinhou.
Antigos habitantes do prédio, que duvidam do balanço da polícia, fizeram tentativas próprias para determinar o número de desaparecidos, informou hoje o jornal The Guardian.
Um deles, Sajad Jamalvatan, um estudante de engenharia biomédica que vivia no 3.º andar da torre, declarou ao diário britânico que o número de mortos ultrapassará provavelmente os 120.
A tragédia continua a provocar agitação entre a classe política e provou hoje no parlamento um confronto verbal entre a primeira-ministra, Theresa May, e o chefe da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn.
Este acusou a política de austeridade do governo conservador de ser em parte responsável pelo drama.
"Quando cortam os orçamentos das autoridades locais em 40% pagam o preço em termos de segurança pública", disse Corbyn.
May respondeu-lhe que o revestimento posto em causa no incêndio tinha começado a ser utilizado durante o governo do trabalhista Tony Blair e apelou aos partidos políticos para "procurarem em conjunto as razões" destas falhas em vez de passarem a responsabilidade aos outros.
Até agora o governo britânico identificou cerca de 600 prédios no Reino Unido com um revestimento semelhante ao da torre Grenfell, suspeito de ter favorecido a propagação rápida do fogo.
As primeiras 120 torres analisadas numa grande operação de verificação a nível nacional não cumpriam os regulamentos anti-incêndio.
Lusa