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Pelo menos 20 detidos em Caracas após protesto da oposição

Pelo menos 20 pessoas foram detidas, na quinta-feira, no leste de Caracas, na sequência de um protesto convocado pela oposição contra a Assembleia Nacional Constituinte impulsionada pelo Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Pelo menos 20 detidos em Caracas após protesto da oposição
Ivan Alvarado

Os manifestantes foram dispersados pela Polícia Nacional Bolivariana (PNB) com recurso a gás lacrimogéneo e disparos de chumbo, constatou no local a agência noticiosa espanhola Efe.

As duas dezenas de jovens foram detidas no município de Chacao, considerado um 'bastião' da oposição.

Segundo Freddy Guevara, primeiro-vice-presidente do parlamento, onde a oposição detém a maioria, o número de detidos ronda os 40 e inclui várias mulheres.

O deputado, que é coordenador nacional do partido Voluntad Popular, indicou que a maioria dos detidos frequenta a Universidade Simón Bolívar (USB) de Caracas.

O dirigente da oposição e ex-candidato presidencial, Henrique Capriles, difundiu um vídeo na rede de mensagens instantâneas Twitter que mostra agentes das forças de segurança a fazer detenções e a "roubar" os estudantes, segundo denunciou.

O presidente da Federação dos Centros de Estudantes da USB, Daniel Ascanio, confirmou, através da mesma rede, que há três menores entre os detidos.

A coligação da oposição, Mesa da Unidade Democrática (MUD), convocou uma mobilização até à sede da Comissão Eleitoral para protestar contra o processo de alteração à Constituição promovido pelo Governo. Os opositores afirmaram que a manifestação foi "reprimida" pelas autoridades, o que impediu a sua continuação.

A Venezuela encontra-se mergulhada numa grave crise política que opõe o Presidente do país ao parlamento, dominado pela oposição.

Os protestos intensificaram-se, no princípio de abril, com a oposição a convocar manifestações para exigir a destituição de magistrados do Supremo Tribunal devido à decisão de assumir as funções do parlamento, a qual foi revertida pouco tempo depois, bem como eleições antecipadas e a libertação de presos políticos e do fim da repressão.

As manifestações, das quais muitas resvalaram em violentos confrontos, agravaram-se com o anúncio, no início de maio, do arranque do processo de criação de uma Assembleia Constituinte para reformar a Constituição, como a única forma de garantir a paz.

A oposição considerou esta decisão um golpe de Estado e uma forma de Maduro conseguir perpetuar-se no poder.

A eleição da Assembleia Constituinte está marcada para o próximo dia 30 de julho.

Desde o início da onda de protestos, foram registados pelo menos 80 mortos, de acordo com o último balanço do Ministério Público. Este número foi revisto, esta noite, após a morte de um jovem de 18 anos que ficou ferido, segunda-feira, durante uma manifestação em Aragua, estado no norte do país.

Lusa