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Mais de 120 países aprovam na ONU primeiro tratado que proíbe armas nucleares

São 122 os países que aprovaram hoje na ONU o primeiro tratado de sempre que proíbe armas nucleares, com a oposição das nove potências nucleares e da maioria dos países da NATO. A Holanda votou contra e Singapura absteve-se.

Mais de 120 países aprovam na ONU primeiro tratado que proíbe armas nucleares
Reuters

"O mundo esperava esta norma legal há 70 anos", desde que as primeiras bombas atómicas foram lançadas, em Hiroshima e Nagasaki, disse a presidente da conferência da ONU que presidiu às negociações, Elayne Whyte Gomez, representante da Costa Rica nas Nações Unidas.

Os países que apoiam o tratado veem nele uma realização histórica, mas os países com capacidade nuclear consideram-no irrealista, afirmando que não vai ter nenhum impacto na redução do atual arsenal mundial, que conta cerca de 15.000 ogivas.

Liderados pela Áustria, Brasil, México, África do Sul e Nova Zelândia, 141 países participaram nas três semanas de negociações do tratado, que preconiza uma proibição total do desenvolvimento, armazenamento e ameaça de utilização de armas nucleares.

Nenhum dos nove países com armas nucleares -- Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, Israel, China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte -- participou nas negociações.

Até o Japão, único país alvo de um ataque atómico, em 1945, boicotou as negociações, assim como a maioria dos países da NATO, incluindo Portugal.

O tratado só se aplica aos Estados signatários.

Para os países que defendem o tratado, ele vai acentuar a pressão sobre os Estados nucleares para que encarem o desarmamento com mais seriedade.

Os países com capacidade nuclear argumentam que os arsenais existentes são essencialmente dissuasores e que estão sujeitos às condições do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), de 1968, que responsabiliza nomeadamente os países pela redução dos seus arsenais.

As organizações que defendem o desarmamento aplaudem o tratado hoje aprovado, considerando que ele vai contribuir para acentuar a estigmatização das armas nucleares junto das opiniões públicas.

Lusa