"O MP realizou um balanço de pessoas ilegitimamente detidas pelos tribunais (...) Conseguimos determinar que 232 pessoas foram privadas de liberdade, sem ter sido pedido pelo MP e que 251 estão em prisão domiciliária, sem que tal fosse pedido pelo MP", disse.
Em declarações à Unión Rádio, a procuradora-geral explicou que "há presos políticos no país" e que "há juízes a atuar fora das suas competências", que têm acusado as pessoas de delitos e aplicado medidas restritivas da liberdade.
Entre esses casos, Luísa Ortega Díaz citou a detenção, desde maio último, do deputado opositor Wilmer Azuaje, "sem uma ordem judicial", apesar de ter imunidade parlamentar. A justiça militar nunca disponibilizou as provas solicitadas pelo Ministério Público, acrescentou.
A procuradora-geral afirmou que continuam as investigações sobre o alegado envolvimento de funcionários públicos venezuelanos no caso de corrupção da empresa brasileira Odebrecht.
"Temos os contratos e (nomes) de pessoas que autorizaram a execução de obras e que não fizeram acompanhamento. Muitas delas receberam comissões que foram depositadas em contas no estrangeiro, em nome de familiares", disse, lamentando a existência de "muitos obstáculos à investigação".
Luísa Ortega afirmou desejar "paz, entendimento, alimentos e medicamentos" para os venezuelanos e que, apesar das divergências, gostava de ter "uma conversa franca" com o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
O interesse do país está acima dos "meus próprios interesses", afirmou a responsável.
"Se a solução para os conflitos passa por eu deixar de estar no Ministério Público, também estou na disposição de o fazer. Se a solução para o país passa pela minha privação de liberdade, estou na disposição de o fazer", disse a procuradora-geral, que depois de defensora do "chavismo" [numa referência ao sistema do falecido chefe de Estado Hugo Chavez] passou a ser uma voz crítica do Governo venezuelano.
Lusa