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Irão diz ter recebido "sinais contraditórios" de Washington sobre acordo nuclear

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano disse que Teerão recebeu "sinais contraditórios" da administração Trump e não sabe como os interpretar, mas mantém aberta a possibilidade de negociações e de melhorar as relações com Washington.

Irão diz ter recebido "sinais contraditórios" de Washington sobre acordo nuclear
Lucas Jackson

Numa sessão do Conselho sobre Relações Internacionais, Mohammad Javad Zarif disse que não ter comunicado com o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, mas observou que isso "não significa que não possa haver [comunicação] , porque as possibilidades para compromisso em relação ao acordo nuclear estão sempre abertas".

Zarif sublinhou que "o Irão é sério sobre o acordo nuclear", que "pode lançar as bases, não o teto".
O ministro disse que a Agência Internacional de Energia Atómica verificou o cumprimento do acordo pelo Irão, mas, infelizmente, os Estados Unidos "não cumpriram".

Zarif reiterou também que esse incumprimento "cria a impressão no Irão de que a hostilidade dos Estados Unidos em relação ao país nunca vai terminar". "Acho que isso pode ser remediado", acrescentou.

Na segunda-feira à noite, responsáveis norte-americanas, que pediram o anonimato, disseram que a administração Trump certificou que o Irão está a cumprir o acordo nuclear, mas que "está a falhar no seu espírito".

Desde que este acordo internacional entrou em vigor, em 16 janeiro de 2016, entre o Irão e as grandes potências (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha), a administração norte-americana deve certificar, a cada 90 dias perante o Congresso, que Teerão está a respeitar os termos acordados.

A primeira vez que a administração Trump apresentou a "certificação" do acordo foi em abril, e a segunda na segunda-feira.

Já em abril, Donald Trump tinha afirmado que o Irão não estava a honrar "o espírito" do acordo de 2015, considerando que o acordo "é péssimo e não devia ter sido assinado".

No final de junho, os Estados Unidos instaram o Conselho de Segurança da ONU a tomar medidas contra o Irão, por considerarem que houve violação da resolução sobre o acordo nuclear com Teerão.
Desde a eleição de Donald Trump para a Casa Branca que o país tem agravado a sua posição contra o regime de Teerão e a 29 de junho na ONU voltaram-se a ouvir as acusações sobre o "papel destruidor e desestabilizador no Médio Oriente" do Irão.

Lusa