Em declarações à agência noticiosa espanhola EFE, alguns ativistas afirmaram que as autoridades chinesas estão a recorrer a prisões domiciliárias ou a "viagens forçadas" para tentar impedir a realização de cerimónias de homenagem a Liu Xiaobo.
Hoje cumpre-se o sétimo dia após a morte do dissidente chinês.
Segundo a tradição chinesa, esta é uma data especial e é comum a realização de cerimónias especiais, mas, segundo o relato de vários ativistas, o regime chinês tomou medidas de forma a evitar qualquer ato que lembre Liu Xiaobo.
O ativista Hu Jia, um amigo próximo de Liu Xiaobo e que tem estado sob vigilância policial, contou que outros amigos oriundos de Xangai (leste) e de Dalian (cidade costeira no nordeste chinês) foram levados para esquadras da polícia depois de terem publicado mensagens na Internet sobre o Nobel da Paz ou de terem organizado uma oferenda de flores.
Hu Jia acrescentou que neste momento as cidades chinesas com mais vigilância são Dalian, onde a família de Liu Xiaobo espalhou as suas cinzas no mar, e Pequim, onde a organização Freedom for Liu Xiaobo Action Group agendou para hoje uma cerimónia em memória do dissidente.
Liu Xiaobo, primeiro chinês a ser distinguido com o Nobel da Paz (2010), morreu no passado dia 13 de julho num hospital de Shenyang, nordeste da China, vítima de cancro do fígado.
O dissidente, que cumpria há mais de oito anos uma pena de 11 por "subversão", foi libertado condicionalmente no final de maio da prisão, dias depois de lhe ter sido diagnosticado o cancro em fase terminal, e transferido para o hospital.
Outro elemento próximo de Liu Xiaobo, o poeta e escritor Ye Du, relatou também em declarações à EFE que foi forçado pelas autoridades a viajar para não estar perto de um local costeiro em que poderia prestar uma última homenagem ao dissidente.
Questionado sobre este assunto, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lu Kang, afirmou hoje que "o governo chinês e os organismos estatais sempre protegeram os direitos legítimos e interesses dos cidadãos chineses com base na lei", acrescentando que "qualquer cidadão deve cumprir a lei".
Sete dias após a morte de Liu Xiaobo, muitos destes ativistas lembram também a viúva do dissidente, Liu Xia, colocada em prisão domiciliária sem qualquer acusação pouco tempo depois de o marido ter sido distinguido em 2010 com o Nobel da Paz.
Não existem informações sobre Liu Xia desde a morte do seu marido.
Amigos próximos de Liu Xia denunciam que a viúva de Liu Xiaobo continua sob vigilância policial, enquanto o regime chinês insiste que ela é uma cidadã livre e que está apenas "a proteger" os seus direitos.
Lusa