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Nicolás Maduro quer convocar "cimeira mundial de solidariedade"

O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, reiterou este domingo que convocará uma "cimeira mundial de solidariedade" com o país, que permita atenuar a "campanha criminosa" que considera existir contra a Venezuela, cujo Governo está cada vez mais isolado internacionalmente.

Nicolás Maduro quer convocar "cimeira mundial de solidariedade"
Ariana Cubillos

"São opções que nos vão permitir (...) atenuar uma campanha criminosa, brutal, gigantesca, inclemente, que existe contra a Venezuela no mundo", afirmou Nicolás Maduro numa entrevista ao canal privado Televen, citada pela agência espanhola EFE.

Maduro atacou os governos "de direita" da região pelas suas críticas à situação política vivida na Venezuela, depois de 12 governos americanos terem expressado na sexta-feira a sua "enérgica condenação" à decisão da Assembleia Constituinte da Venezuela de dissolver a Assembleia Nacional, controlada pela oposição, de modo a assumir as suas funções.

O chamado 'Grupo de Lima' - Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru - já tinha manifestado a sua oposição à "ditadura" e "rutura democrática" da Venezuela há dez dias, através de uma declaração subscrita pelos seus ministros dos Negócios Estrangeiros na capital peruana.

O Presidente da Venezuela insistiu hoje na ideia de uma cimeira, que já tinha sido avançada a 8 de agosto durante uma reunião da aliança regional ALBA, a Aliança Bolivariana para as Américas, que integra a Venezuela, Cuba, Nicarágua, Bolívia e Equador, entre outros países.

"Aspiro a que a Comunidade de Estados Latinoamericanos do Caribe (CELAC) (...) muito brevemente dê um passo em frente e convoque uma cimeira pelo diálogo, pela paz e em apoio à soberania da Venezuela", declarou o Presidente, num apelo a uma organização regional menos crítica da situação no país do que tem sido a Organização dos Estados Americanos (OEA).

A cimeira pretende ganhar apoios na opinião pública internacional "contra a ameaça do [Presidente dos Estados Unidos] Donald Trump", que disse há dias que não exclui uma intervenção militar na Venezuela, explicou Maduro.

Os preparativos da cimeira estão a ser trabalhados pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Jorge Arreaza, e da Informação, Ernesto Villegas, pelo irmão do antigo presidente Hugo Chávez, Adán Chavez, e pela presidente da Assembleia Constituinte, Delcy Rodríguez, que, de acordo com o que Maduro já tinha avançado na reunião da ALBA, poderá realizar-se em São Salvador.

A nova Assembleia Constituinte aprovou na sexta-feira, por unanimidade, um decreto em que assume as competências para legislar em matérias até aqui prerrogativas do Parlamento venezuelano, onde a oposição detém a maioria.

O decreto foi aprovado durante uma sessão em que a direção do Parlamento não esteve presente, apesar de ter sido convidada, justificando a ausência com a vontade de não se subordinar à Assembleia Constituinte, tal como já fizeram outros poderes venezuelanos.

Eleita no final de julho, e contestada por grande parte da comunidade internacional, a Constituinte, que reúne 545 membros próximos do poder, chamou a si o essencial dos poderes do Parlamento.

A iniciativa marca um novo episódio na grave crise política que abala a Venezuela, onde manifestantes exigem nas ruas a saída do presidente, eleito em 2013. Desde o início de abril, os protestos provocaram 125 mortos.

Lusa