A posição de Caracas foi dada a conhecer pelo ministro venezuelano dos Negócios Estrangeiros, Jorge Arreaza, através da sua conta na rede social Twitter.
"Com a cínica decisão sobre a ex-procuradora prófuga da Justiça, o Governo de Juan Manuel Santos protege a corrupção e o delito na Venezuela [...] . Bogotá converteu-se num centro de conspiração contra a democracia e a paz na Venezuela", escreveu.
O ministro venezuelano questiona "o que se pode esperar de um Governo que abriga no seu seio oligárquico o chefe do golpe de Estado de 2002 contra o comandante [Hugo] Chávez", numa alusão ao asilo concedido por Bogotá ao empresário Pedro Carmona Estanga, que em abril desse ano presidiu ao Governo venezuelano durante as horas em que o líder socialista, entretanto falecido, foi afastado do poder.
Por outro lado, o procurador-geral designado pela nova Assembleia Constituinte, Tarek William Saab, acusou Juan Manuel Santos de "continuar a repugnante tradição de ex-mandatários colombianos que deram proteção a venezuelanos associados ao terrorismo e ao narcotráfico".
"Juan Manuel Santos dá apoio incondicional à ex-procuradora prófuga, confirma que a Colômbia é o epicentro da conspiração internacional contra a Venezuela [...] . Como procurador-geral da República em funções, classifico esta ofensiva como uma afronta ao gentilício nacional", frisou.
O Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou esta segunda-feira que a ex-procuradora geral da Venezuela Luísa Ortega Díaz se encontra sob proteção do Governo colombiano e que está na disposição de lhe facultar asilo político, se ela pedir.
O anúncio teve lugar depois de as autoridades colombianas confirmarem que a ex-procuradora chegou a Bogotá na passada sexta-feira, acompanhada pelo marido e ex-deputado chavista Germán Ferrer, provenientes de Aruba, onde chegaram numa pequena embarcação vinda da costa venezuelana.
A 17 de agosto, o novo procurador-geral da Venezuela acusou Luísa Ortega Díaz de conspirar contra o Governo e de ser "autora intelectual" da situação de violência que desde abril provocou mais de 121 mortos no país.
Segundo Tarek William Saab, a ex-procuradora questionou a autoridade do Supremo Tribunal de Justiça e a eleição da Assembleia Constituinte, o que originou um clima de violência que causou mais de uma centena de mortos no país.
A acusação foi feita depois de funcionários dos serviços secretos terem efetuado uma rusga na sua residência e de a Assembleia Constituinte ter pedido a detenção do marido, Germán Ferrer, por alegada corrupção.
Conhecida atualmente como "a procuradora rebelde", Luísa Ortega Díaz foi designada pelo "chavismo" (regime de Hugo Chávez, Presidente do país desde 1999 até à sua morte, em 2013) como procuradora-geral da Venezuela país por dois mandatos consecutivos.
Em março deste ano, Ortega Diaz denunciou como ilegais duas sentenças do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) - uma que limitava a imunidade parlamentar e outra em que o STJ assumia as funções do parlamento, no qual a oposição detém a maioria desde as eleições de janeiro de 2016.
A ex-procuradora-geral denunciou também a nomeação irregular de alguns dos magistrados do STJ, pelo "chavismo", e acusou Maduro de convocar a eleição de uma Assembleia Constituinte para instaurar um regime totalitário no país.
Lusa