Hoje de manhã, a petição online "Reclamar o Prémio Nobel da Paz de Aung San Suu Kyi" reuniu mais de 364 mil assinaturas.
"Até agora, Aung San Suu Kyi, que lidera de facto Myanmar (antiga Birmânia), fez pouco para impedir este crime contra a humanidade no seu país", defendeu o promotor da iniciativa, referindo-se à crise de violência envolvendo a minoria rohingya.
Segundo a ONU, cerca de 164.000 pessoas, a maior parte da comunidade rohingya, fugiram da violência em Myanmar em menos de duas semanas e buscam agora refúgio no vizinho Bangladesh.
Composta por cerca de um milhão de pessoas, a minoria rohingya continua ainda a ser considerada como uma comunidade de imigrantes ilegais do vizinho Bangladesh, apesar de alguns viverem em Myanmar há várias gerações.
Muitos vivem em acampamentos na região oeste do país, depois dos incidentes intercomunitários de grande violência ocorridos em 2012, que causaram pelo menos 160 mortos e deixou 120 mil rohingya confinados a 67 campos de deslocados.
As autoridades birmanesas não reconhecem a cidadania aos rohingya e impõem-lhes múltiplas restrições, incluindo a privação de movimentos.
Muito criticada pelo seu silêncio relativamente ao destino desta minoria muçulmana, Aung Suu Kyi, que dirige de facto o governo de Myanmar, denunciou na quarta-feira a existência de um "iceberg de desinformação", que - segundo disse - tem dado uma visão deturpada da crise.
"Impossível" retirar um prémio Nobel
Depois do movimento a defender a retirada do prémio Nobel a Suu Kyi, em Oslo o comité Nobel norueguês revelou que é estatutariamente impossível retirar um prémio.
"Nem a vontade de Alfred Nobel nem os estatutos da Fundação Nobel admitem a possibilidade de que um Prémio Nobel - seja em Física, Química, Medicina, Literatura ou Paz - possa ser retirado. Não formalmente ", disse o secretário da comissão, Olav Njølstad.
"Apenas os atos de um laureado até a atribuição do prémio são avaliados pelo comité do Nobel", e não a ação subsequente, acrescentou.
Aung San Suu Kyi foi premiada com o Nobel da Paz em 1991, quando estava sob prisão domiciliária no seu país e apenas pôde ir a Oslo fazer o discurso de aceitação 21 anos depois.
Desde há décadas que a minoria muçulmana dos rohingyas, que tem cerca de um milhão de pessoas em Myanmar, é discriminada neste país.
Milhares de muçulmanos rohingya fogem de Myanmar
Mais de 125 mil muçulmanos da comunidade rohingya fugiram de Myanmar, antiga Birmânia. Os recentes combates entre militares das Forças Armadas e do Exército de Salvação do Estado Rohingya causaram mais de 400 mortos e destruíram milhares de casas. O conflito está a gerar um êxodo de dimensões preocupantes. A ONU e várias organizações internacionais condenam o confito e denunciam assassínios e violações de civis, que estão a levar à fuga da população, em especial da etnia rohingya, para o Bangladesh.