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Turquia não reconhece referendo no Curdistão iraquiano

A Turquia reiterou hoje que não vai reconhecer o referendo no Curdistão iraquiano sobre a independência e insistiu que os resultados devem ser considerados "nulos", disse hoje o chefe da diplomacia de Ancara.

Turquia não reconhece referendo no Curdistão iraquiano
Burhan Ozbilici

As posições do ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia foram divulgadas, em comunicado, na mesma altura em que abriram as assembleias de voto no Curdistão iraquiano, hoje de manhã.

O ministro turco pede à "comunidade internacional" e sobretudo aos "países da região" para não reconhecerem a consulta na província do norte do Iraque.

A mesma nota pede aos líderes curdos para abandonarem "os objetivos utópicos", acusando-os de estarem a colocar em perigo a paz a estabilidade no Iraque e em "toda a região".

Ancara reitera que vai tomar "todas as medidas" para inverter o que considera "ameaças para a segurança nacional".

No sábado, o parlamento turco, em sessão extraordinária, prolongou o mandato que permite ao Exército enviar tropas para as zonas de fronteira, caso se venham a verificar alterações no Iraque e na Síria "que ponham em causa a segurança da Turquia".

Hoje, a segurança no posto fronteiriço turco de Habur, ponto de passagem entre o Curdistão iraquiano e a Turquia, foi reforçada.

O ministro turco das Alfândegas confirmou à France Presse que as medidas de controlo foram reforçadas, mas desmentiu as notícias publicadas hoje em Ancara que indicavam que a fronteira tinha sido encerrada.Por outro lado, o presidente do Curdistão iraquiano, Masud Barzani, apelou hoje à participação no referendo sobre a independência da região autónoma, no norte do Iraque, em que devem participar cinco milhões e 300 mil pessoas.

Segundo um assessor, o presidente do Curdistão iraquiano, "votou 'sim' pela independência" no centro eleitoral de Saladino, no norte da capital, Erbil, pouco depois das 08:30 (05:30 em Lisboa).Barzani não fez declarações após a votação.

Os cidadãos das províncias curdas de Erbil, Suleimaniya, Duhok e Halabja, assim como nos territórios que são disputados por Kirkuk juntam-se nas assembleias de voto desde as 08:00 (05:00 em Lisboa), altura em que abriram os centros de votação para o referendo. As urnas encerram às 18:00 (15:00 em Lisboa).

No domingo, o primeiro-ministro iraquiano, Haidar al Abadi, exigiu ao governo da região autónoma para passar o controlo das fronteiras, incluindo os postos instalados nos aeroportos, para as forças do governo central iraquiano.

O chefe do governo do Iraque -- que se opõe à realização do referendo - instou a "comunidade internacional -- a não negociar com o governo autónomo todos os assuntos relacionados com petróleo.

Com Lusa