O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou que recebeu até agora apenas 7% dos 76 milhões de dólares necessários para essa tarefa.
"Sem financiamento adicional imediato, a Unicef não pode continuar a dar auxílio vital e proteção às crianças rohingyas que escaparam à violência horrível em Myanmar e procuraram refúgio no Bangladesh", diz a Unicef em comunicado.
A 23 de outubro será realizada em Genebra uma conferência de doadores para angariar fundos para responder ao apelo humanitário das Nações Unidas para ajudar os rohingyas, mas a Unicef sublinha que precisa do dinheiro já e para os próximos seis meses de trabalho.
"Neste momento podemos dar apenas apoio imediato, mas no total precisamos de 76 milhões de dólares para um suporte a médio e longo prazo, como nos próximos seis meses. Só 7% do valor necessário para as necessidades identificadas chegou. Isto não é suficiente", disse um porta-voz da Unicef em Bangladesh, Sakil Faizullah à Agência Efe.
A Unicef, na mesma nota que, sublinha que sem fundos não pode responder a necessidades básicas como água para mais de 40.000 pessoas, alimentos ou medicamentos.
"As crianças rohingyas já sobreviveram a atrocidades. Todas elas precisam de suporte básico de vida, não amanhã ou na próxima semana ou no mês que vem, precisam isso agora", disse Unicef.
As Nações Unidas reviram esta terça-feira para 582.000 o número de rohingyas que chegaram ao Bangladesh, fugindo da violência em Myanmar, 45.000 mais do que num anterior relatório, de segunda-feira.
A crise dos rohingyas começou após um ataque por um grupo insurgente desta comunidade muçulmana contra tropas no estado de Rakhine, uma ação a que o exército respondeu com uma campanha arrasando aldeias, que ainda continua.
De acordo com testemunhas e organizações de direitos humanos, o exército arrasou aldeias queimando tudo e já matou um número indeterminado de civis.
Antes desta campanha militar, estimava-se que aproximadamente um milhão de rohinyas viviam em Rakhine.
Myanmar não reconhece os rohingyas como uma comunidade neste país e considera-os bengaleses, enquanto o Bangladesh, onde já antes desta crise viveu cerca de 300.000 membros desta minoria, tem-nos sempre tratados como estrangeiros.
Lusa