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Defesa das acusadas de matar Kim Jong-nam tenta provar motivações políticas

Os advogados das duas mulheres acusadas de matar o meio-irmão do líder da Coreia do Norte tentaram esta quarta-feira demonstrar que existiram motivações políticas no assassínio de Kim Jong-nam, denunciando a conivência de figuras do regime de Pyongyang.

Defesa das acusadas de matar Kim Jong-nam tenta provar motivações políticas
Lai Seng Sin

A indonésia Siti Aisyah, de 25 anos, e a vietnamita Don Thi Houng, de 29, as únicas suspeitas que estão sob custódia, começaram a ser julgadas no passado dia 2 de outubro no Tribunal Superior de Shah Alam, um distrito perto do aeroporto nos arredores de Kuala Lumpur (capital da Malásia), onde Kim Jong-nam foi atacado em fevereiro passado com VX, um agente neurotóxico, uma versão altamente letal do gás sarin considerado uma arma de destruição em massa.

As duas mulheres, que se declararam inocentes no início do julgamento, podem enfrentar a pena de morte por enforcamento caso sejam consideradas culpadas.

O Ministério Público acusou também quatro homens norte-coreanos, que fugiram da Malásia no dia do assassínio e continuam em liberdade, de planear com as duas mulheres a morte do meio-irmão do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un."Somos capazes de estabelecer que não é um simples assassínio.

Existem muitas conotações políticas. Todos os suspeitos são norte-coreanos e a embaixada da Coreia do Norte não quis cooperar com a polícia", afirmou o advogado de Siti Aisyah, Gooi Soon Seng, em declarações aos jornalistas após a sessão do julgamento.

"Neste caso, o motivo parece ser mais político do que outra coisa qualquer (...) e as raparigas não teriam nenhum motivo político", reforçou o representante.

O tribunal malaio pretende ouvir 40 pessoas, entre testemunhas e especialistas, durante o julgamento das duas mulheres, cuja conclusão está prevista para 23 de novembro.

O caso ocorreu a 13 de fevereiro deste ano num terminal de partidas do aeroporto da capital da Malásia.Alegadamente, quando uma das mulheres distraía a vítima enquanto esta imprimia o cartão de embarque, a outra mulher aproximou-se pelas costas e tapou o rosto de Kim Jong-nam com um pano ensopado com o potente produto tóxico.

Depois disto, as mulheres puseram-se em fuga, mas foram captadas pelas câmaras do circuito fechado do aeroporto. No local, Kim Jong-nam pediu assistência médica junto das autoridades antes de desmaiar e cair com uma paragem cardíaca enquanto era transportado para o hospital.

Após terem sido detidas, dias após o incidente, as duas mulheres garantiram ser vítimas de um engano e disseram que pensavam estar a participar num programa de apanhados para a televisão.

Posteriormente, as acusadas disseram às autoridades que toda a situação tinha sido orquestrada por um grupo de quatro homens, todos cidadãos norte-coreanos.

Desde o primeiro momento que os serviços de informação da Coreia do Sul e dos Estados Unidos atribuem o assassínio a agentes norte-coreanos, mas o regime de Pyongyang argumenta que a morte foi provocada por um ataque cardíaco e acusou as autoridades da Malásia de conspirarem com os seus inimigos.Kim Jong-nam, que viajava com um passaporte com o nome de Kim Chol, ia viajar para Macau, onde vivia exilado.

Lusa