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Presidente angolano mexe na Procuradoria-Geral da República nos próximos dias

O Presidente de Angola, João Lourenço, deverá empossar nos próximos dias um novo procurador-geral da República. O mandato do atual responsável, João Maria de Sousa, expira dentro de uma semana.

João Manuel Gonçalves Lourenço, é Presidente da Angola desde 26 de setembro de 2017.
João Manuel Gonçalves Lourenço, é Presidente da Angola desde 26 de setembro de 2017.

Licenciado em Direito pela Universidade Militar de Moscovo, o general João Maria de Sousa, de 66 anos, foi nomeado a 3 de dezembro de 2007 e empossado procurador-geral da República de Angola pelo então chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, dois dias depois.

Enquanto presidente do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público, João Maria de Sousa convocou para hoje uma reunião plenária daquele conselho, para desencadear o processo que levará o chefe de Estado a nomear o próximo procurador-geral da República, informou à Lusa fonte próxima do processo.

O ativista Rafael Marques, autor de mais de 15 participações à PGR, desde 2007, com suspeitas de corrupção envolvendo o regime angolano diz:

"Foram 10 anos de festa da corrupção em Angola, de incompetência, inépcia e gosto de acobertamento dessas práticas. É um procurador que zelou pela corrupção. Nenhuma delas avançou, a não ser aquela em que acusei o procurador de ser corrupto. Mantenho essa acusação e estou à espera de ser pronunciado e de ver o procurador em tribunal".

Para Rafael Marques, ao próximo procurador exige-se "respeito pela lei e pelo cargo", porque, afirma que, nos últimos 10 anos "não houve Justiça em Angola".

João Maria de Sousa cumpre 40 anos ao serviço do Ministério Público angolano, nos foros Militar e Comum, e será agora jubilado. O estatuto orgânico da Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola define que o procurador - e vice-procuradores "é nomeado e exonerado" pelo Presidente da República, "sob proposta do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público. O procurador-geral da República toma posse perante o Presidente da República para um mandato de cinco anos, renovável uma vez", define a lei.

O Presidente de Angola, João Lourenço, admitiu esta quinta-feira a necessidade de "moralização" da sociedade, com um "combate sério" a práticas que "lesam o interesse público" para garantir que a impunidade "tenha os dias contados". O chefe de Estado falava no palácio presidencial, em Luanda, na tomada de posse do novo Inspetor-Geral da Administração do Estado, o comissário Sebastião Domingos Gunza, que foi buscar ao Serviço de Investigação Criminal (SIC).

Desde que tomou posse, a 26 de setembro, na sequência das eleições gerais angolanas de 23 de agosto, João Lourenço exonerou várias administrações de empresas estatais, dos setores de diamantes, minerais, petróleos, comunicação social, banca comercial pública e Banco Nacional de Angola, anteriormente nomeadas por José Eduardo dos Santos.

A exoneração de Isabel do Santos, filha do ex-chefe de Estado, do cargo de presidente do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol, foi a decisão mais mediática, seguida da polícia, chefias militares e Tribunal Constitucional.

Com Lusa