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"Não desejamos uma guerra, mas não iremos fugir dela", afirma Coreia do Norte

A Coreia do Norte acusou hoje os Estados Unidos de quererem provocar uma guerra na península coreana, uma vontade que vê refletida no aumento das manobras militares de Washington e na retórica "belicista" dos seus altos dirigentes.

"Não desejamos uma guerra, mas não iremos fugir dela", afirma Coreia do Norte
KCNA KCNA

"Os desleixados comentários de guerra do círculo interno de Donald Trump e os imprudentes movimentos militares corroboram que a atual Administração decidiu provocar uma guerra na península coreana", afirmou um porta-voz da diplomacia da Coreia do Norte à agência de notícias oficial KCNA.

Pyongyang argumenta que Washington optou pela estratégia de avançar "passo a passo" para fazer estalar o conflito e a única coisa que resta agora perguntar é "quando é que a guerra vai eclodir. Não desejamos uma guerra, mas não iremos fugir dela", afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte, reiterando a advertência aos Estados Unidos de que irão "pagar caro" por provocar um conflito, falando da "poderosa força nuclear" que Pyongyang tem "constantemente fortalecido".

Os comentários da diplomacia norte-coreana têm lugar numa altura em que decorrem os exercícios aéreos anuais conjuntos de Washington e Seul "Vigilant ACE". Essas manobras, as maiores até à data e que decorrem até sexta-feira, figuram como uma nova demonstração de força dos dois aliados perante o desafio que representam os programas nucleares e de mísseis do regime liderado por Kim Jong-un.

As manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul arrancaram cinco dias após o lançamento de um míssil balístico intercontinental (ICBM) pelo regime de Pyongyang que afirmou ser capaz de atingir qualquer parte do território continental norte-americano.

O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, o tenente-general Herbert Raymond McMaster, declarou, no passado fim de semana, que a probabilidade de uma guerra com a Coreia do Norte "aumenta cada dia", enquanto o senador republicano Lindsey Graham instou o Pentágono a começar a repatriar as famílias dos militares dos Estados Unidos, sob o argumento de que o conflito com o Norte se está a aproximar.

Estes comentários foram qualificados hoje de "belicistas" por Pyongyang, cujo regime sustentou que apenas podem ser interpretados "como uma advertência" para a Coreia do Norte se "preparar para uma guerra. O mundo não deveria ter preconceitos na hora de discernir quem está por detrás da tensa situação", realçou o porta-voz da diplomacia norte-coreana.

Lusa