Numa conferência de imprensa após uma reunião do Conselho de Ministros da União Europeia (UE), presenciada pelo primeiro-ministro israelita, Benjamim Netanyahu, Mogherini negou também que os "28" estejam a trabalhar numa proposta específica para contrabalançar a decisão norte-americana de considerar Jerusalém a capital de Israel.
"Não há nenhuma iniciativa de paz, nenhuma tentativa para restabelecer as conversações de paz entre palestinianos e israelitas que possa ocorrer sem o envolvimento dos Estados Unidos", afirmou a chefe da política externa dos "28".
Mogherini falou da "preocupação" da UE, "partilhada" pelos Estados Unidos e por Israel, em ver "desacreditada" a administração norte-americana no que diz respeito às negociações no Médio Oriente.
As declarações da chefe da diplomacia da UE ocorrem após as críticas à decisão tomada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, sobre Jerusalém e as respetivas implicações para o papel dos Estados Unidos nas negociações.
Mogherini advertiu, por outro lado, que os Estados Unidos não podem ter "qualquer ilusão" quanto ao facto de acreditarem que apenas uma iniciativa de Washington poderá ter sucesso no puzzle do Médio Oriente.
"É necessário um objetivo internacional e regional que acompanhe o início das negociações, algo que é, obviamente, muito difícil neste momento. Para retomar as negociações, há que definir o horizonte e o objetivo, algo que, também, não parece estar definido", argumentou.
Para o definir, acrescentou Mogherini, a UE quer continuar a trabalhar com o Quarteto para o Médio Oriente (onde, além da União Europeia, estão os Estados Unidos, Rússia e Nações Unidas), estendendo também os contactos à Jordânia, Egito e a vários outros países, que não especificou.
"Não estamos a trabalhar numa iniciativa específica da UE. Não estamos sentados à espera. Estamos a trabalhar ativamente com os nossos parceiros, incluindo os Estados Unidos e os atores da região", insistiu Mogherini, reiterando que o objetivo é reunir todos os Estados e as negociações diretas, acompanhadas a nível regional.
"Não estamos a multiplicar as iniciativas (de paz), apenas a desempenhar o nosso papel determinado, racional, cooperativo e com confiança, para encontrar soluções e evitar qualquer vazio perigoso, que só reforçará posições radicais ou extremistas, algo que não queremos assistir na região nem em qualquer outra zona", concluiu.
Lusa