"Sou humano e há momentos nos quais também eu duvido. Também sou o presidente e não me vou encolher nem vou recuar", escreveu hoje Puigdemont no Twitter, horas depois de a televisão Telecinco ter publicado várias mensagens de telemóvel de uma conversa com Toni Comín, ex-conselheiro de Saúde da Generalitat e deputado regional da ERC (Esquerra Republicana Catalana).
Nas mensagens difundidas pela Telecinco, que Puigdemont e Comín não negam nem desmentem, o ex-presidente catalão - fugido à justiça em Bruxelas - reconhece perante Comín que o processo independentista "terminou" e "caducou" e que os seus correligionários o tinham "sacrificado" como candidato.
Por isso mesmo, salienta, o "plano da Moncloa [sede do Governo central espanhol, em Madrid] triunfou".
Num tweet, Puigdemont parece confirmar - sem se referir especificamente às mensagens reveladas pela cadeia de televisão - a veracidade das mensagens, já que critica a "violação da sua privacidade". "Sou jornalista e sempre entendi que há limites, como o da privacidade, que nunca se devem violar", sublinha Puigdemont.
Por outro lado, o líder independentista justifica o conteúdo das mensagens, mas - ao contrário do que vem escrito nas mesmas - nega que o seu percurso político tenha chegado ao fim.
"(...) Não vou recuar, por respeito, agradecimento e compromisso para com os cidadãos e o país. Continuamos!", conclui.
De acordo com a Telecinco, Puigdemont enviou as mensagens ao deputado da Esquerda Republicana da Catalunha Toni Comín, que também fugiu para a Bélgica, pouco depois de o presidente do parlamento da Catalunha, Roger Torrent, ter adiado na terça-feira a sessão plenária da assembleia que ia investir Puigdemont como presidente do executivo catalão.
"Suponho ser claro para ti que isto terminou. Os nossos sacrificaram-nos, pelo menos a mim. Vocês serão conselheiros (espero e desejo), mas eu fui sacrificado", terá escrito Puigdemont numa das mensagens.
A investidura do líder independentista foi adiada até que o Tribunal Constitucional espanhol responda ao recurso apresentado pelo parlamento regional à medida cautelar, que impede a investidura à distância de Puigdemont, refugiado na Bélgica e com um mandado de busca e captura em Espanha por suspeitas de ter cometido delitos de rebelião, sedição e peculato.
Lusa