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Haiti vai abrir investigação sobre escândalo sexual da Oxfam

O ministro das Relações Exteriores do Haiti anunciou na quinta-feira que o Governo vai investigar as revelações de que dirigentes e funcionários da organização não governamental (ONG) Oxfam contrataram prostitutas após o terramoto de 2010 que destruiu o país.

Haiti vai abrir investigação sobre escândalo sexual da Oxfam
Simon Dawson

"De acordo com as informações que temos, há muitas razões para acreditar de que se passaram muitas coisas más. Para já, o Governo vai abrir uma investigação sobre os factos para decidir como avançar", afirmou Antonio Rodrigue. Segundo o ministro, embora a Oxfam seja parceira do Governo a lei deve ser respeitada e devem ser defendidos os interesses dos haitianos.

Antonio Rodrigue falou com os jornalistas no Ministério da Planificação e Cooperação, onde uma reunião convocada para quinta-feira entre funcionários do Governo e dirigentes desta ONG britânica no Haiti foi cancelada. Notícias recentes dão conta que responsáveis da Oxfam, confederação de instituições humanitárias cuja sede se situa em Oxford, no Reino Unido, usaram dinheiro da ONG para pagar prostitutas no Haiti depois do sismo de 2010.

Na terça-feira, o Presidente do Haiti, Jovenel Moise, considerou como uma "violação extremamente grave para a dignidade humana" o caso do escândalo sexual que envolve responsáveis da Oxfam no Haiti. "O que se passou com a Oxfam no Haiti é uma violação extremamente grave da dignidade humana", disse Jovenel Moise, na sua conta de Twitter.

O chefe de Estado acrescentou que "não há nada mais escandaloso e desonesto do que um predador sexual que usa a sua posição como parte da resposta humanitária a um desastre natural para explorar as pessoas carentes nos seus momentos de maior vulnerabilidade". Na sequência do escândalo, a subdiretora da Oxfam, Penny Lawrence, demitiu-se do cargo e admitiu que se "sentia envergonhada".

Helen Evans, que trabalhou como responsável global para a Oxfam entre 2012 e 2015, revelou que um dos cooperantes chegou a coagir uma mulher para ter relações sexuais "em troca de ajuda". Entre outros dados, o The Times informou que a Oxfam aceitou a demissão de três homens e despediu outros quatro depois de ter levado a cabo uma investigação sobre "exploração sexual, descargas de pornografia, abusos de poder e intimidações".

Um dos homens que abandonou o cargo sem receber qualquer ação disciplinar foi o diretor da ONG no Haiti na altura, Roland van Hauwermeiren, que segundo o The Times admitiu que manteve encontros com prostitutas numa vivenda arrendada para ele pela ONG.

O trabalho que a Oxfam desempenhou no Haiti foi parte do esforço internacional após o sismo que sacudiu Port-au-Prince, do qual resultaram 220.000 mortos e 300.000 feridos e 1,5 milhões de pessoas sem abrigo.

Lusa