"Centenas de milhares de civis estão em perigo", declarou uma porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, num contacto com a imprensa em Genebra.
"Estamos profundamente preocupados com o risco elevado para os civis", adiantou, referindo que o Alto Comissariado recebeu relatos sobre mortos e feridos, mas também "afirmando que as forças curdas impedem os civis de deixar a cidade de Afrine".
O exército turco, ajudado por rebeldes sírios, realiza desde 20 de janeiro uma ofensiva para expulsar de Afrine, junto à fronteira da Turquia, a milícia curda das Unidades de Proteção do Povo (YPG), considerada "terrorista" por Ancara.
A cidade de Afrine está praticamente cercada, à exceção de um corredor utilizado pelos civis que fogem aos milhares para zonas controladas pelo regime de Bashar al-Assad.
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, pelo menos 245 civis, incluindo 41 crianças, morreram desde o início da ofensiva turca e mais de 30.000 civis fugiram de Afrine desde quarta-feira.
Shamdasani disse que os relatos que o Alto Comissariado recebeu indicam que "apenas os civis que têm contactos junto das autoridades ou das forças armadas curdas puderam partir".
"Mesmo quando saem, têm de enfrentar grandes riscos (...) e devem pagar um suborno quando chegam a território controlado pelo governo" ou "fazer meia volta", adiantou.
Aviões turcos lançaram hoje sobre a cidade síria de Afrine panfletos alertando a população que as forças turcas podem entrar a qualquer momento, informou a televisão pública turca TRT.
Lusa