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Canal televisivo estatal russo RT deixa de ser transmitido na zona de Washington

O canal televisivo estatal russo RT, que há anos transmitia os seus noticiários em língua inglesa na zona de Washington D.C., foi retirado do ar no início de fevereiro e substituído por uma estação do norte da Virgínia.

Canal televisivo estatal russo RT deixa de ser transmitido na zona de Washington
Sergei Karpukhin

O RT manteve-se nos canais por cabo da área da capital dos Estados Unidos até à meia-noite de domingo, quando a estação -- WNVC, em Fairfax - encerrou definitivamente.

O canal russo atribui a perda das transmissões ao facto de ter tido de se registar como entidade estrangeira junto do Departamento de Justiça em novembro passado - algo que muitos órgãos de comunicação social com financiamento significativo de Governos estrangeiros foram obrigados a fazer.

"Embora não estejamos autorizados a revelar pormenores, sabemos que esta decisão está relacionada com o registo obrigatório do RT como 'entidade estrangeira' nos Estados Unidos", declarou Anna Belkina, diretora-adjunta do RT, em mensagem de correio eletrónico enviada na semana passada à agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP).

Mas a estação televisiva e o proprietário da frequência em que o RT era transmitido apontam decisões de negócios, e não o Governo norte-americano.

A estação WNVC encerrou porque a frequência em que era transmitida foi vendida, e o seu encerramento, no domingo, "desligou" cerca de uma dúzia de canais digitais que ofereciam programação internacional.

Esses canais eram também transmitidos pelas operadoras de cabo da região e, apesar de ter saído do ar em fevereiro, o RT manteve-se no cabo - onde está a maioria dos seus espectadores - até ao fim da estação.

O RT era por muitos considerado um braço propagandístico do Governo russo, e o fim da sua transmissão na área de Washington é o mais recente capítulo numa disputa entre o canal e o Governo norte-americano.

O fim das emissões em território norte-americano do canal financiado pelo Kremlin ocorre igualmente numa altura de escalada de tensão nas relações entre a Rússia e os Estados Unidos, desencadeada pelo envenenamento a 4 de março, em Inglaterra, do antigo espião russo Serguei Skripal e da filha, Yulia, com um agente neurotóxico de fabrico russo que os deixou desde então em 'estado crítico, embora estável' nos cuidados intensivos de um hospital local.

A autoria do envenenamento foi atribuída pela primeira-ministra britânica, Theresa May, às autoridades russas e originou a expulsão de diplomatas russos por vários Estados em todo o mundo, entre os quais os Estados Unidos.

Lusa