Mundo

Venezuela instada a adotar medidas para evitar mais mortos nas cadeias

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) instou esta terça-feira a Venezuela a adotar as medidas necessárias para evitar que ocorram situações similares às da semana passada, em que 68 pessoas morreram num incêndio numa cadeia.

Prisão militar de Ramo Verde, em Los Teques, na periferia de Caracas, Venezuela (EPA)
Prisão militar de Ramo Verde, em Los Teques, na periferia de Caracas, Venezuela (EPA)
MANAURE QUINTERO

"A CIDH insta o Estado venezuelano a investigar com a devida diligência, identificar e punir os responsáveis, assim como a adotar as medidas necessárias para evitar a repetição de eventos semelhantes", explica a CIDH, em comunicado.

O documento começa por condenar as mortes no cárcere do comando da Polícia de Carabobo e lamenta que as forças de segurança tenham usado gases lacrimogéneos para dispersar os familiares que acudiram ao local para recolherem informação sobre os presos.

"A CIDH lamenta estes factos e insta o Estado a respeitar o direito das famílias a conhecer sobre o ocorrido, assim como a adotar, neste tipo de circunstâncias, as medidas necessárias para evitar sofrimento adicional aos familiares das vítimas", vinca.

Por outro lado, afirma que o ocorrido está enquadrado no contexto da crise penitenciária que enfrentam as pessoas detidas na Venezuela "e que se carateriza por altos níveis de sobrelotação, o excesso da prisão preventiva, a corrupção das autoridades prisionais, condições de detenção deploráveis e altos níveis de violência".

"O Estado venezuelano, como garante dos direitos das pessoas privadas de liberdade, tem o dever legal absoluto de tomar medidas concretas para garantir os direitos à vida e tratamento humano dos detidos", afirma.

Por outro lado, a CIDH manifesta preocupação pelo uso de lugares policiais transitórios como centros de detenção permanente e pela falta de infraestrutura e serviços básicos para garantir condições dignas de detenção.

Segundo as autoridades venezuelanas, pelo menos 68 pessoas morreram na quarta-feira, durante um motim no Comando-Geral da Polícia de Carabobo, na cidade de Valência.

A causa da morte da maioria das vítimas (68 presos e duas mulheres que os visitaram) terá sido asfixia, na sequência de um incêndio alegadamente provocado pelos presos.

No entanto, várias ONG e familiares das vítimas denunciaram que os presos foram maltratados, borrifados com gasolina e incendiados.

Na sexta-feira, o Governo venezuelano anunciou que vai indemnizar os familiares das vítimas.

Cinco pessoas foram detidas pelas autoridades pela alegada responsabilidade nos acontecimentos.

Lusa