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ONU pede a Myanmar a libertação imediata de dois jornalistas da Reuters

Dois especialistas independentes da ONU sobre direitos humanos pediram hoje a Myanmar que anule as acusações contra dois jornalistas da agência de notícias Reuters detidos quando investigavam crimes contra a minoria rohingya e que os liberte imediatamente.

Kyaw Soe Oo, jornalista da Reuters, escoltado pela polícia depois de uma audiência em Yangon, Myanmar.
Kyaw Soe Oo, jornalista da Reuters, escoltado pela polícia depois de uma audiência em Yangon, Myanmar.
Jorge Silva

David Kaye e Yanghee Lee - relatores especiais sobre a promoção e proteção do direito à liberdade de opinião e expressão e sobre a situação dos direitos humanos em Myanmar - reagiram assim, num comunicado, à decisão de quarta-feira de um tribunal de Myanmar de rejeitar a retirada das acusações contra Wa Lone e Kyaw Soe Oo.

"Apelamos aos procuradores para que anulem as acusações contra Wa Lone e Kyae Soe Oo e instamos ao Governo que coloque os dois jornalistas em liberdade imediatamente", sublinharam os dois especialistas.

Os dois jornalistas foram detidos em Rangum, a 12 de dezembro, depois de se encontrarem com dois polícias que supostamente entregaram documentos confidenciais sobre a limpeza étnica dos rohingya, da etnia bengali e da religião muçulmana.

Wa Lone e Kyaw Soe Oo são acusados de violar a lei dos segredos oficiais, uma regra da época colonial que prevê penas de até 14 anos de prisão.

Os jornalistas investigavam o assassínio de uma dúzia de rohingya no vilarejo de Inn Din, no estado de Rakhine, no oeste do país, onde na terça-feira sete soldados foram condenados a dez anos de prisão, com trabalhos forçados numa área remota do país, por este caso.

"Os autores do massacre, que foi em parte o assunto das informações recebidas por Wa Lone e Kyaw Soe Oo, foram condenados a dez anos de prisão e ainda assim esses dois jornalistas enfrentam uma possível sentença de 14 anos de prisão", sublinharam os dois especialistas da ONU.

Lusa